House of Jam: The Famous Bizarre Circus Muzik de Orchestra Electromagnetica

Seguindo com o nosso garimpo musical:

“The Famous Bizarre Circus Muzik de Orchestra Electromagnetica” by Luiz Macedo com Loopieri & Amici. Ou simplesmente, Orchestra Electromagnetica, é o primeiro trabalho solo de Luiz Macedo, após Bossa Electromagnetica. O CD conta com as participações vocais de André Abujamra, Skowa e Guilhermoso Wild, dentre outros 24 músicos convidados.

Uma Orchestra contemporânea onde os metais da big band encontram o DJ, onde o jazz encontra o techno, onde o acústico encontra o eletrônico. Luiz Macedo tocou guitarra com o Karnak, trompete com os Heartbreakers, e teve uma formação clássica que inclui a Orquestra Experimental de Repertório. Hoje divide seu tempo entre sua produtora de som, Jukebox, os trabalhos de trilha sonora para cinema e tv.

O disco, no iTunes.

Abaixo, release poético extenso, com comentários de cada uma das faixas:

Orchestra Electromagnetica é:
um disco conceito que passa,
pela música eletronica,
pelos metais da big band,
pelas trilhas sonoras,
pela boate,
pela cortina de veludo,
pelas percussões nativas,
pelos amplificadores valvulados,
pela radio, novela,
pelos quadrinhos,
pelos pelos.

A participação constante de uma banda imaginária,
os Loopieri,
completa um quadro bizarro,
onde entram:
o quarteto de cordas,
o remix,
a sanfona,
o cavaquinho,
os 24 convidados,
as jams,
o logic,
e o amor.

RELEASE DA FAIXAS

1. Dr Peçanha in London

O detetive Dr. Peçanha, que apareceu no CD Bossa Electromagnetica, é chamado a Londres para resolver um crime brutal. Com letra de Carlos Castelo, interpretação de Skowa e eloquente metaleira, esta faixa estará disponível para download gratuito no iTunes e num clipe de animação no Vevo. Aí então finalmente conheceremos pessoalmente o Dr. Peçanha, no traço forte e irônico do ilustrador e diretor Gui Fonseca.

2. Brazilianism

O que é o Brasil ? A sanfona de Toninho Ferragutti, o quarteto de cordas de Luiz Amato, as percussões de Douglas Alonso sobre uma base eletrônica, uma narrativa em efeitos sonoros de Edilson Martins, e a voz de Marcos Bowie tentam resumir: “Ai, Brasil. Pau, Brasil.”

3. No Galinheiro

Guilhermoso Wild Chiken nos conduz nesta aventura ‘big band rock’n roll’ cantando as desventuras do frango à procura do amor da galinha. Também no clipe em animação ‘pixel-art’ de Arnaldo Galvão, Pedro Medeiros, Amora Bettany e Felipe. Valdir Ferreira puxa a metaleira.

4. Loopieri

Os trabalhadores do loop, os que retornam, os que persistem. No encarte do CD, o filósofo e baixista Sérgio Bártolo tenta descrever o conceito que norteia essa incipiente banda performática retro-futurista . Aqui ele aparece em uma de suas raras performances circenses: com clave, cavaquinho, trompete, bumbo, escaleta, violão, guitarra e baixos.

5. noYESwhy

A negação, a afirmação, a dúvida, o conflito. Os Loopieri retornam à sua verve anarco-eletrônica para a síntese final da existência terrena, onde as forças em oposição colidem ininterruptamente para o desfecho final, o que certamente os conduzirá a um novo loop, e assim, à eternidade.

6. Rondo a la Loop

Na forma Rondó, um tema principal é intercalado com temas secundários conflitantes, às vezes chamados de digressões ou episódios. As guitarras, baixo e bateria conflitam, saboreiam e harmonizam com o quarteto de cordas de Fabio Tagliaferri nesse delicioso ABACADA. Experimente.

7. Proparoxigênio

André Abujamra como você nunca viu. Tunado e enquadrado nessa banda acústica remixada e eletronificada por Thiago Chasseraux. A letra inédita do poeta Julio Andrade compartilha as agruras do personagem que tem a estranha enfermidade de só falar através de proparoxítonas.

8.Tantra

Nunca uma palavra teve tantas definições, porém somente esta é a verdadeira para mim. O êxtase que antecede o orgasmo, repetido e sustentado nesse bolero eletroacústico sublimal, onde as cama das cordas é dessarumada pelos movimentos espasmódicos do acordeon e do trompete. Lindo solo de cello de Adriana Holtz.

9. 5 Histórias

A quintessência das músicas em 5 são excelentes para trocadilhos quintuplos, para quintuplicar a razão dos quantos quintos se queira. 5 histórias, cinco partes, cinco instrumentos: sax Sérgio Lyra, bateria Julio Macedo, baixo Odayr Baptista, trompete Luiz.

10. Banana Nada

Ao checar com quantas bananas se poderia fazer um disco, descobri que banana nada. Sendo assim chamei o feríssima Jotagê Alves para contracenar com os instrumentos eletrônicos, nesse pós-choro exibicionista, em que o Douglas Alonso faz o mesmo.

11. My Amor Inflable

Neste bolero bregotrônico, a verdadeira, porém frágil, história de amor de Romano por Flávia, a mulher inflável. No ápice da relação, o fatal, o indizível, o inesperado: a locução de Edinho Moreno.

12. Boogie Woogie Downtown

Anos antes do revival draft funk da Disco Music, os Loopieri se reuniram e durante horas fizeram esse groove irresistível. O cantor auto-tune-revelação Rogério Marques convida você a se jogar na pista e dançar em loop, curtindo os solos de Sérvulo Augusto, Paulinho Corcione, Alex Braga, Hugo Hori e Nahor Gomes.

13. Loopieri a la Embolo

Aqui os Loopieri se despedem com uma inexorável interpretação desse mavioso e subutilizado instrumento: a flauta de embolo.

SOBRE OS LOOPIERI

Loopieri (subst. masc.): O ciclo do planeta Terra e a própria humanidade se extinguem e renascem de tempos em tempos, o momento no qual nos encontramos evoluirá para o caos e putrefação até o aniquilamento total da vida e seus valores. Lentamente do nada surgirão os primeiros agrupamentos de energia que recomeçarão o ciclo novamente por incalculáveis existências. À cada volta dessas a humanidade se recicla e se modifica gerando novos “genes “que determinarão as características particulares de cada ciclo. A evolução da humanidade atual culminará na extinção total do que chamamos hoje de passado e consequentemente nossa memória e qualquer sombra arquetípica do que chamamos de humanidade. Até a modernidade, a depressão sempre foi valorada e vivida em música, teatro, pintura, escultura e poesia. A depressão humana era tratada como parte da vida e não como um sentimento a ser escondido, esquecido ou até mesmo repudiado. O comportamento de viver cada momento e somente o presente tornou-se uma cultura bacteriológica dentro da cabeça das pessoas. A angústia foi afastada com uma fome insaciável de consumo imediato a ser alcançado a qualquer custo. Os valores, que eram transmitidos de geração para geração, passaram a ser produtos fora de moda, ultrapassados e totalmente descartáveis. Com o tempo, a memória vai sendo apagada, os valores esquecidos, as famílias abandonadas e, por fim, o respeito ao próximo inexistente. O próprio planeta está num processo de colapso inevitável, as pessoas passaram a negar a depressão tendo que tomar remédios para o resto se suas vidas. Dentro deste contexto imagino um futuro sem passado, sem vínculos, sem família, onde a memória não mais existirá e a humanidade deixará de ser humana para ser um monte de “coisas” correndo atrás de outras sem sentido algum. Os loopieri, como o próprio nome diz – loop = retorno, ieri = ontem – recriam uma trilha musical para chegar às cenas do passado perdido, ora com humor, ora com suspense, ora com medo, ora com leveza. Eles tecem nos fios das cordas dos instrumentos, nos filamentos dos microchips dos computadores, na sinapse dos neurônios a memória da humanidade para que esta possa ter novamente um significado, um sentido, um valor total e por fim voltarmos a ser humanos.

Sérgio Bártolo, filósofo.

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