Um novo modelo de negócios para a indústria da música

O lançamento oficial do Spotify no Brasil vai além da oferta de uma nova plataforma de entretenimento para o brasileiro. É uma oportunidade para estimular e popularizar um novo modelo de negócios e até mesmo de consumo da música.

No princípio, o meio digital surgiu como uma catástrofe para a indústria musical. Bandas, gravadoras e distribuidoras viram-se num beco sem saída frente à cultura do compartilhamento. O meio digital mostrou que a mídia física (cd, vinil, k7 etc) estava com os dias contados e que a distribuição em rede era inevitável. Nesse período a pirataria reinou.

Apesar de não ser a única a trabalhar num novo modelo, em 2003 quem ganhou destaque foi a Apple com o lançamento da loja online “iTunes Store”. O consumidor começou a experimentar a possibilidade de comprar o arquivo digital do álbum de uma banda ou mesmo só de uma das músicas do álbum ao custo de U$0,99 por música.

Na época, a popularização da compra online de músicas por U$0,99 deixou evidente um caminho possível para a indústria musical. Hoje vivemos uma nova fase dessa evolução que vem de encontro com tendências como a disposição de dados infinitos na “nuvem” do meio digital e a ideia de não consumir mais a partir do conceito de “possuir” mas de “usufruir”.

Ao invés de comprar e guardar para si música por música, o Spotify faz outra oferta às pessoas: ele oferece uma plataforma em que o usuário pode ouvir toda e qualquer música que desejar, quantas vezes quiser, pagando por isso uma taxa mensal. Ou se preferir, pode optar por um pacote gratuito, em que a remuneração é feita a partir de espaços publicitários.

É o Netflix do mundo da música. E provavelmente, vai provocar o mesmo estardalhaço que o Netflix tem causado no mercado audiovisual.

No campo da música, o Spotify não está sozinho nem foi o primeiro a chegar no Brasil. As plataformas Rdio, Deezer, Napster, entre outras já veem ganhando muitos usuários brasileiros e ajudando a construir essa cultura de consumo a partir do pagamento de uma taxa mensal.

O Spotify é oferecido em dois formatos: um pacote gratuito que permite ouvir online todas as músicas (mas não oferece a possibilidade de ouvir off-line) e um pacote premium que não possui nenhuma limitação e desabilita os anúncios publicitários entre uma música e outra. No Brasil esse pacote premium vai custar R$14,90/mês (por enquanto é vendido apenas através de pagamento internacional no valor de U$5,99/mês).

Minha curiosidade maior está na possibilidade de plataformas como o Spotify mudarem o hábito de consumo de música da sociedade.

O Spotify estimula um consumo mais personalizado, curado e social. Você pode ouvir uma seleção de músicas criada por você ou criada colaborativamente a partir das sugestões de amigos seus. Se preferir, você pode ouvir seleções criadas por outras pessoas ou mesmo personalidades/ícones de diferentes áreas.

Você pode usar o Spotify no seu computador; em casa ou no trabalho, ou pode usar o aplicativo para celular e conectá-lo com o equipamento de som de sala de estar ou do carro. Assim, a plataforma está presente em diferentes momentos do seu dia.

Em particular, durante minha experiência de uso, fiquei bastante impressionado com a eficiência da transmissão online de músicas usando a internet do celular. Tenho utilizado diariamente o Spotify enquanto estou no carro e o impacto no consumo do pacote de dados do celular foi menor do que eu imaginava.

Por essas e outras, o Spotify é hoje a segunda maior fonte de receita da indústria da música no mundo. Em menos de 6 anos de vida, já possui mais de 40 milhões de usuários ativos no mundo. Destes, 10 milhões são assinantes da conta premium. Já são mais de 30 milhões de músicas disponíveis e 1,5 bilhão de playlists criadas dentro da plataforma. A cada dia, 20 mil novas músicas são adicionadas. Para quem é do mercado da música, parece-me um modelo de negócios que deve ser acompanhado de perto.

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