Deixe-me bonita

Calma, não é propaganda de Dove nem de nenhuma outra marca.

Essa garota da foto é a Esther Honig, uma jornalista lá de Kansas-City, nos Estados Unidos.

E o motivo para ela ter tirado essa foto básica, sem maquiagem, penteado, acessórios ou retoques é porque ela estava fazendo uma matéria sobre o Fiverr (site de freelas para profissionais criativos espalhados pelo mundo).

Logo no início da sua pesquisa, Esther reparou que Photoshop é uma unanimidade, simplesmente todos dominam. Ou, pelo menos, dizem que dominam. Como tava na cara que nem todo mundo é bom no Photoshop, ela teve a ideia de tirar essa foto e mandar para profissionais em países diferentes com uma única orientação: “make me beautiful” (deixe-me bonita).

O resultado foi além do esperado.

Além de confirmar sua suspeita de que “domínio de photoshop” é um conceito bastante subjetivo, ela acabou percebendo que a noção de “bonita” também é. Alguns plastificaram sua cara com uma pele perfeita, outros fizeram uma maquiagem super forte, outros colocaram roupas, etc (lição do dia: ao brifar qualquer coisa, evite adjetivos e prefira ser descritivo)

Sua intenção não era fazer um estudo sobre beleza, e o conceito elástico de beleza também não é novidade, mas seu método acabou se mostrando bastante eficiente para evidenciar as diferenças de um jeito informal mas bastante claro.

É louco reparar como o ambiente (sociedade, valores, amigos, etc) nos influencia a ponto de moldar nossa percepção do que é ou não bonito. Em outras palavras, você não acha ele ou ela bonitos. São os outros que acharam isso por você. Quando você anda por aí e dá de cara com um bonitinho(a) e faz aquele hmmm… na verdade tem um monte de gente na sua cabeça fazendo esse hmmm por você. E o mais irônico: (acho) que quanto mais “unânime” é o tipo de beleza, mais é a influência do meio. Se apaixonar pelo(a) esquisito(a) pode ser um ato mais autêntico. Sim, acho que a maioria de nós já sabia disso, mas continua sendo louco :)

A natureza também usa esse mesmo truque: ao invés de ficar gastando tempo evoluíndo um padrão atrativo para cada espécie, prefere manipular as percepções do “atraído”.

No fim, a poesia é sempre mais eloquente: “a beleza está nos olhos de quem vê”.

Dá uma olhada em algumas das fotos que a Esther recebeu: