Macy’s Parade 2014

E ontem teve o tradicional desfile de Ações de Graças da Macy’s, com aqueles infláveis gigantes que passam em vôo rasante por entre os prédios de Manhattan. Teve até a presença do “Fúria da Noite”, do “Como Treinar seu Dragão”.

Aliás, não sei porque esse recurso ainda não foi usado pelas nossas escolas de samba, porque o efeito chama atenção, os balões estão cada vez mais elaborados e a tecnologia vem sendo testada por anos e acredito que seja razoavelmente barata se for comparada com outros tipos de componentes alegóricos, como um carro (caminhão) cheio de metal, madeira e plástico.

O envolvimento com a data por aqui também poderia ser mais presente, uma das poucas que ainda não foi totalmente engolida pelo comércio, que invariavelmente se apodera de qualquer data comemorativa e transforma tudo em consumo desenfreado. Se bobear, o Dia de Ações de Graças carrega mais autenticidade do que o próprio Natal.

E estimular o sentimento de gratidão, não apenas do ponto de vista espiritual e religioso, como acabou se transformando nos países latinos, é um ritual muito bacana porque – se feito da maneira correta – exige uma reflexão sobre coisas boas, um hábito também cada vez mais raro.

-“Mffff, mfffff, mffff!!”

Só o fato de pensar no assunto e tomar mais consciência de que pequenas coisas boas também acontecem diariamente (apesar do jornalismo e da política), faz toda a diferença. Perceber essas coisas já é uma forma de gratidão e não necessariamente precisa ter aquela coro angelical de BG. Pode ter, claro, mas é um sentimento que deveria ser mais mundano.

Enfim, apesar da friaca de ontem lá em NY, o desfile dá sempre aquela aquecida no clima de final de ano e é sempre divertido ver a reação das crianças (e adultos) enlouquecendo quando dão de cara com seus personagens favoritos em versão Godzilla, atravessando a cidade.

Uma curiosidade sobre esses infláveis

Nos primeiros anos, o pessoal simplesmente soltava as amarras dos balões no final do desfile e deixavam eles sairem voando pelo céu porque demoravam dias e dias para esvaziar. Para tentar amenizar o prejuízo de se jogar fora balões cada vez mais caros e sofisticados, a Macy’s resolveu colocar uma etiqueta em cada um deles, oferecendo uma recompensa (uns 2 mil dólares em valores de hoje) para quem achasse e devolvesse os balões. Não sei porque não furavam os balões, mas imagino que não dava, por algum motivo. O fato é que a solução na época era, literalmente, abrir mão.

A ideia era interessante, mas não funcionou. A maioria dos balões iam parar no mar. Os que caiam em terra acabavam sendo rasgados por pessoas disputando a recompensa. Ou viravam alvo de caçadores (uma atitude que não é certa, mas compreensível. Difícil resistir a um Snoopy flutuando no céu com uma arma na mão). E um, em 1932, derrubou um avião. Esse foi o último balão que a Macy’s soltou. Depois do incidente, válvulas de escape mais sofisticadas começaram a ser desenvolvidas. [fonte]