Era uma vez um templo chinês Taoísta do século II.
Ficava ao pé de uma das 5 grandes montanhas da China, chamada Monte HUA. Lá vivia o grande Deus do Submundo (o chinês é mais cuidadoso com os nomes, acho que é o diabo mesmo), que era invocado através de médiuns e outros espíritos intermediários.
Ao contrário dos outros templos, esse era difícil de chegar e isso acabou virando um diferencial para os peregrinos. Descobri hoje que a palavra “TAO” significa “caminho”, então nada mais lógico. Com o tempo, a dificuldade de acesso foi sendo incrementada e os rituais começaram a acontecer cada vez mais para o alto da montanha. A subida foi virando parte dos rituais e a “experiência” foi se transformando em uma mistura de altitude, abismos, cerimônias com lutas e oferendas e tudo isso defumado com as famosas “ervas medicinais”, muitas delas, drogas potentes.
Bom, não preciso nem dizer que morreu gente pra caramba por lá. Volta e meia passava um chinês voando.
Hoje o lugar é um ponto turístico e tem até um bondinho para quem quiser fazer um piquenique lá no pico. Mas por 38 dólares ainda dá para subir como antigamente.
Então amarra bem o sapato para não tropeçar porque é nessa que você vai.
Ou prefere o bondinho alí no alto da foto? Ainda dá tempo.
Nah, tem até uma escada, vamos pela trilha mesmo.
Bom, a primeira coisa que você deve aprender, gafanhoto e gafanhota, é que existem vários tipos de escada. Nesse momento a sensação é que você entrou em algum quadro do Escher. Mas ainda é uma escada então dá uma certa segurança. Eu, com meu pequeno pé 44, já estaria correndo risco.
Bom, depois de muitos degraus, a escada passa mais uma vez por uma pequena metamorfose.
Calma, ainda é uma escada. Tem degrau, tem corrimão. E só por garantia, como você pagou 38 dólares, você tem direito a dois ganchos para prender nos cabos.
Um pouco acima tem uma escultura para lembrar que o que você está fazendo é coisa de macho.
Confiante (ou desconfortável com a escultura), você segue adiante. A partir deste ponto a montanha tem umas marcas no chão onde cabe um pé. É um sistema de segurança interessante porque assim você não faz bobagem e pisa EXATAMENTE onde todo mundo já pisou. Isso até chegar nas tábuas que serão as únicas coisas entre você e a morte certa.
Assim ó:
Cansou? Deu tontura? Senta.
Tem até manutenção preventiva. Só resta saber como eles trocam a tábua do meio sem mudar as outras.
Até que finalmente você ganha uma vista de presente.
E assim é a trilha do Monte Hua, feita por monges Taoístas na China do século II. Mais uma vertiginosa aventura, parecida com outras do tipo, muitas aqui pela América do Sul, inclusive. Para quem tem experiência em montanhas é uma trilha confortável, até fácil. Mas para nós, que não somos nem escaladores nem monges taoístas under the influence de ervas medicinais… é um grauzinho à mais na adrenalina.
Para saber mais sobre o Monte Hua, clique aqui.
Fotos: FigoFromagio