Realidade Virtual

Sou dos anos 70.

Você que nasceu depois disso deve se perguntar: “Mas qual o problema?”

Problema nenhum.

Tive uma infância legal em SP, brinquei na rua, briguei na rua, andei sem cinto de segurança no banco de trás do carro, me sujei de lama, minhas canelas tinham duas feridas que nunca cicatrizavam por culpa do pedal da bicicleta, usei goma arábica pra colar figurinhas, cantei muito a versão zoeira do jingle do Café Seleto, tomei Biotônico Fontoura com 9,5% de álcool, aliás minhas provas da escola cheiravam a álcool por culpa do mimeógrafo e, falando em escola, a gente estudava Educação Moral e Cívica, e a gente usava trema pra escrever pingüim.

Tudo isso era legal, até os machucados do pedal da bicicleta.

Mas tinha o lado ruim, óbvio.

Em tudo.

Usei calça semi bag, gravata de crochê, suspensório e sapato de camurça quando era adolescente… e o pior de todos era uma maldita camisa de gola rolê feita de um troço chamado plush que minha mãe comprava e eu odiava.

Credo.

TV?

Sete canais. Cultura, TVS (sim, antes do SBT), Globo, Record, Manchete (bem depois, anos 80), Gazeta e Bandeirantes.

TV a cabo?

hahahahaha só lá pelo meio dos anos 90, chamava UHF, e ainda era só a ESPN transmitindo programa de pesca 24hs.

Computador?

Não existia. Só em filmes de ficção científica ou em reportagens do Fantástico sobre o futuro.

Cinema?

Tudo com um atraso enorme. E filmes como “O Ataque das Formigas Gigantes” em circuito nacional.

Música?

Nossa que aí o buraco era muito mais embaixo. Você sabia que o Fábio Jr. cantava em inglês e fazia sucesso com o nome Mark Davis? O Christian da dupla com o Ralph tbem. As trilhas sonoras de novela e os filmes eram os grandes lançadores de sucesso. Ter a “última da banda X” gravada em K7 era garantia de sucesso com os amiguinhos e amiguinhas.

A gente vivia num universo paralelo nos anos 70, muito mais ainda aqui no Brasil.

Era estranho. Muito estranho.

Ditadura. Lembro perfeitamente de um soldado com uma metralhadora pendurada no pescoço mandando meu pai colar o adesivo “Brasil Ame­-o ou Deixe­-o” no vidro do carro em frente ao Museu do Ipiranga num 7 de Setembro.

Bom, mas é sobre música e cinema que eu gostaria de falar. Duas das coisas que mais me interessavam na época.

E me interessam até hoje.

Eu me imaginava em NY fugindo do King Kong, em Los Angeles andando de bicicleta com o E.T., me imaginava nadando no lago de chocolate do Willy Wonka, cuidando do Digby, o maior cão do mundo, jogando xadrez com o Chewbacca dentro da Millenium Falcon, vivendo dentro do computador do Tron (o original, toscão), brigando de verdade com o Cavaleiro Negro….

Na música não era diferente.

Na adolescência já nos anos 80, imagine o que era abrir um vinyl novinho do The Cure e ouvir toda aquela novidade faixa a faixa?

Imagina The Police pra quem tava acostumado com Menudo ou Nikki Costa no rádio.

Imagina ouvir Sisters of Mercy ou Front 242 pela primeira vez, pra quem cresceu ouvindo o Fabio Jr. cantando em inglês.

Smiths?

New Order?

Cacete, era uma explosão de cabeça por semana, no mínimo.

Essas coisas moldam caráter e fazem a gente fazer o que faz.

Me formei em publicidade, fui ser radialista, DJ, depois produtor musical, sound designer, e agora finalmente vou juntar tudo isso em duas experiências.

Realidade Virtual e Realidade Aumentada.

Os próximos futuros do entretenimento.

A junção de cinema, música, imagem, história, computação e tudo mais que o ser humano já inventou até hoje num par de óculos e um par de controles na mão.

A minha chance de usar todos os skills e todas as informações coletadas desde os anos 70 em um único lugar.

Usar minha expertise de sound design e áudio 3D não só para o cinema ou TV, mas para tornar uma experiência virtual mais real ainda.

Usar o conhecimento de música e de rádio para melhor ambientar os projetos de Realidade Virtual ou Realidade Aumentada.

Usar o conhecimento de música e DJ em experiências mais abrangentes, não só me limitando a um par de fones de ouvido ou um sistema de Home Theater.

Ah se a RV existisse nos anos 70…

Seríamos pessoas completamente diferentes.

Uma outra realidade, uma outra vida.

Um View­Master acontecendo lá na sua frente, animado, em tempo real.

Um Atari em milhões de bits.

Era tudo que a gente queria.

E que agora é realidade.

Aquilo que estava na imaginação lá atrás pode virar uma experiência muito mais real. Finalmente darei um Xeque Mate no Chewbacca sem medo dele me arrancar um braço.

Ou terei o Robert Smith na minha sala, lá em 3D mesmo, explicando seu último álbum faixa a faixa.

As possibilidades são tantas que não cabem num texto só.

Tem muita coisa legal acontecendo já.

E os grandes players ainda nem entraram no mercado.

Vai vendo o tamanho da confusão…

Manterei todo mundo atualizado sobre o assunto, por aqui, ok?

Novidades, curiosidades, aplicativos, games, videos, tutoriais, etc, etc, etc. Sempre alguma coisa interessante pra gente entrar cada vez mais na RV.

Por exemplo:

Já que falamos “do antigamente” vamos falar da mistura do antigamente com o futuro. Um View Master novo, para Realidade Virtual e Aumentada.

UoD_01_101215_ViewMaster

Sim, aquele View Master, sucesso dos anos 70 com os disquinhos para “ver em 3a Dimensão”, ganhou um espaço para colocar seu celular e interagir com os disquinhos em Realidade Aumentada e Virtual.

Além de funcionar com os disquinhos antigos, aqueles que eu ainda guardo em casa.

Quanto custa? 30 doletas, mas ainda só nos EUA

Mais infos aqui

Tudo de bom,

Billy.

DJ, sócio e produtor musical do Estúdio Mellancia.

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