A moral humana vai além dos 12 “tons de pele” da nova caixa de giz de cera

“Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão
Há um passado, no meu presente, um Sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assusta o menino me dá a mão
Ele fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor
Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver
E não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal

(Milton Nascimento e Fernando Brant)

O adulto tem muito a aprender com a criança.

A cada dia que passa, acho que é o adulto que aprende mais com a criança do que o contrário. Isso até o dia em que a criança não se torne de vez um mini-adulto.

Como diz Milton Nascimento e Fernando Brant é a criança que fala de coisas bonitas: amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor…

É a criança que não esconde suas vontades… É o adulto que as reprime por viver em sociedade. É a criança que fala o que quer… É o adulto que deixa de dizer para não magoar ou simplesmente porque a sociedade disse que tinha que ser assim. É a criança que cria, faz arte e pode ser livre para imaginar o que quiser… É o adulto que raciocina, se condiciona e se torna imerso e preso à uma série de costumes e hábitos específicos.

Hoje tomei conhecimento da existência de uma caixa de giz de cera com “12 cores da pele”. Fabricados pela marca Koralle em parceria com a UNIAFRO – Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola.

Fiquei imaginando: o produto é voltado para crianças ou para adultos?

Se for para o primeiro grupo, vale uma reflexão, um questionamento. Porque a criança deve aprender a classificar o homem? Essa bola já está com os adultos. Para que dividir essa responsabilidade com os pequenos? Eles que pintem o homem da cor que eles bem entenderem: amarelo, azul, verde, vermelho, rosa e preto. Essa fase é a de unir, somar e não de segregar, selecionar, dividir.

O fato é que até agora, todos que passaram pela caixa de giz de cera que tinha apenas cores primárias (com algumas variações) estão vivos e passam bem. Porque dar mais essa responsabilidade para as crianças? Eles não serão adultos melhores simplesmente porque variaram entre os 12 tons de “cor da pele”. A moral humana vai muito além desses tons…

Só para concluir, Tarsila do Amaral, que era adulta, artista e criança, criou o Abaporu sem utilizar um dos doze tons de “cor da pele” e representou o homem de uma forma esteticamente bela:

imagem 09 abaporu

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