O que a notícia das 48 horas sem WhatsApp mostrou

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Finalmente, é chegada a hora. Sempre quis saber o que aconteceria se ficássemos sem um dispositivo de comunicação, nesse caso o aplicativo mais usado nos smartphones no Brasil, o WhatsApp, e quais seriam as reações das pessoas.
Em um país com uma média de 154 milhões de smartphones, segundo pesquisa publicada em julho desse ano pela Fundação Getulio Vargas, e três terminais (computadores, tablets ou telefones inteligentes) para cada dois habitantes, essas poucas horas podem fazer um barulho considerável, conforme a grande parte de vocês deve ter notado.

O primeiro aspecto deixado claro nesse período, foi de que as marcas dos apps de mensagens instantâneas são extremamente perecíveis perante uma necessidade primordial do ser-humano de comunicar-se com seus semelhantes.  Principal concorrente do WhatsApp, o Telegram registrou 500 mil novos usuários apenas 3 horas depois do bloqueio ocorrer – em 20 horas, o número subiu para mais de 2 milhões de usuários. Outro app com funcionalidade semelhante e velho conhecido dos brasileiros, o ICQ constatou um aumento no número de usuários brasileiros em 4 vezes, além de seus usuários aumentarem 3 vezes em relação a antes do bloquei do WhatsApp.

Mas também não vamos descartar a marca do WhatsApp em si. Afinal, Mark Zuckerberg não pagou aproximadamente 16 bilhões de dólares em 2014 pelo app, que na época possuía 450 milhões de usuários, a toa. Segundo um levantamento realizado pela agência de pesquisas OnDevice em 2013 em cinco diferentes países, (Brasil, Estados Unidos, África do Sul, Indonésia e China) somente nos EUA o Facebook Messenger era líder dentre os aplicativos de mensagens instantâneas.

O segundo aspecto facilmente detectável foi o irreverente jeitinho brasileiro a fim de cumprir um objetivo comum: voltar a utilizar WhatsApp. Não entrarei aqui numa discussão moral (caso um episódio assim ocorresse em outro país, será que a reação por parte da população não seria a mesma?), mas farei uma constatação: Quantas pessoas aprenderam da noite para o dia o que significava VPN (sigla em inglês para “rede virtual privada”)?
Utilizando esse meio que máscara a origem do acesso ao app, o tráfego do usuário é redirecionado para fora do país, onde não há qualquer tipo de bloqueio.
Ou seja: a adaptação foi rápida, em questão de meras horas, as pessoas se organizaram para propagar meios de driblar o bloqueio, e voltarem a comunicarem-se de modo prático e usual.

O bloqueio não durou nem mesmo 24 horas, já que no início da tarde dessa quinta-feira (17/12) o Tribunal de Justiça de São Paulo ter concedeu uma liminar para que as operadoras de telefonia móvel desbloqueassem o acesso ao WhatsApp, normalizando o serviço. O principal motivo? Pressão popular. Esse aspecto fez com que o desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo concedesse liminar para que houvesse o desbloqueio do aplicativo.
Segundo ele, “Em face dos princípios constitucionais, não se mostra razoável que milhões de usuários sejam afetados em decorrência da inércia da empresa [em fornecer informações à Justiça]”. Ou seja, o ativismo digital mostrou-se muito mais importante e pertinente nesse caso, a despeito de críticas recentes.

O que ocorreu no Brasil foi uma tentativa de privar um direito básico de todos: o de comunicar-se, que foi manifestado pelo bloquei do aplicativo mais usado com essa finalidade no país. Entretanto, com as incessantes mobilizações digitais e o fato de que o serviço atendido pelo WhatsApp ser muito maior que a marca em si, a situação foi normalizada.
Resta aguardar pelos próximos passos de um lobby extremamente forte no país: o das operadoras de telefonia móvel.

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