Mindfultech: a era da meditação digital

Lembram do orgânico, verde e holístico? Pois bem, o palco agora é do mindfulness, a palavra da moda que parece estar crescendo exponencialmente. 

Desde Nizan Guanaes, até Willow Smith, todo mundo só quer saber como reduzir o stress e viver plenamente o momento. E dá-lhe inventar produtos que já já nos deixarão literalmente cheios de tanto mindfulness. No entanto, devo admitir que só porque ninguém aguenta mais ouvir falar sobre aquele “novo restaurante orgânico/farm to table“, não significa que a coitada da comida não é boa (provavelmente deve ser uma delícia).

A mesma coisa parece estar acontecendo com essa nova (ou seria mainstream?) forma de meditação: dá uma certa antipatia ver tantos livros, artigos e VÁRIAS palestras do TED sobre o assunto nos convencendo de que a prática meditativa pode gerar mudanças no estado de espírito das pessoas. No entanto, a prática em si não deixa de ter uma enorme utilidade para qualquer pessoa.

Ok, e essa palestra é bem legal:

E esses dois livros realmente podem ajudar a começar:

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No ambiente de trabalho conseguimos ver esse movimento bem claramente: as empresas estão utilizando dessa “técnica” para reduzir o stress dos funcionários, reforçar emoções positivas/resiliência contra eventos negativos, diminuir a ansiedade/ irritabilidade e criar melhores relacionamentos. Mas desde que em horário determinado  e monitorado pelo chefe, certo? 

Rabugices à parte, com excesso de propaganda ou não, praticar viver o presente é sim uma forma de perceber a vida de uma maneira mais calma e consciente. Os benefícios da prática mindfulness podem ser transformadores mesmo. O problema é que é um exercício tão complexo e difícil quanto qualquer esporte.

Veja só: primeiro tente respirar e não pensar em nada, somente focando no movimento da sua respiração por 3 minutos. Parece uma eternidade não é? Principalmente para aqueles ansiosos que em 1 segundo já se lembram de um email não respondido, abrem os olhos e se dispersam.

É aí, nesse momento, que entra a tecnologia triunfante para salvar nossas mentes.

Na era da meditação digital, apps e gadgets foram criados para nos ajudar a concentrar e tornar esse exercício uma prática diária. Sem esquecer de devidamente coletar os os dados para criação de métricas e análises de performance. ;) 

A lista highttech é longa: Headspace, Spire, Thync , Buddhify, Muse, SmartMat, Melomind, Calm são alguns dos apps e gadgets mais falados e usados ultimamente.

Desses, o que mais me impressionou foi o Muse, um headset que usa sensores eletroencefalográficos para ler nossas ondas cerebrais, que, conectado ao app Muse Calm, nos ensina a meditar da forma correta. Ao monitorar as ondas cerebrais o aplicativo entende se o cérebro está calmo ou ativo, mostrando o caminho para um estado de maior quietude.

Funciona assim: ao usar o aparelho e praticar o mindfulness por alguns minutos, se você estiver calmo e praticando corretamente, ouvirá um som de ondas. Já se estiver distraído, com muitos pensamentos rondando sua mente, ouvirá o som de rajada de vento. Mas, se conseguir chegar a fase do “chefão” (o estágio zen), irá ouvir sons de passarinhos e ganhar pontos! Deixando de lado a brincadeira, é impressionante quão avançada a tecnologia está ao conseguir monitorar o caminho do nosso pensamento e nosso nível de concentração.

Ariel Garten, uma das criadora do Muse mostra as benesses de se aliar a tecnologia à saúde nesse TED Talk:

O mais interessante dessa moda mindfultech é observar como as empresas de tecnologia utilizam exatamente dos mesmos princípios de criação de games (sim, aqueles que geram stress) para desenvolver seus apps de meditação. Passamos de fase no HeadSpace de uma maneira lúdica e viciante como em qualquer game. Será provável, então, que o Muse ou qualquer outro gadget de meditação cause tanto stress quanto uma fase difícil do Candy Crush? Será que estímulos externos e tanto monitoramento podem acabar sendo prejudiciais para a saúde mental? 

Particularmente, acredito que, do mesmo jeito que a discussão sobre um alimento ser conceitualmente orgânico não retira suas propriedades saudáveis, uma prática tecnologicamente midnfulness pode não ser meditação no sentido milenar da palavra, mas continua sendo uma forma de trazer mais consciência e calma para uma pessoa. A tecnologia deve ser usada como uma ferramenta para se alcançar um objetivo e não como o ponto principal do exercício. Nesse caso, ela não só veio para ficar, mas para nos ajudar a transcender. 

Bem-vindos a era da meditação digital!

 

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