Felicidade não é ideia velha

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Não há ideia que supere sentimento. A felicidade sempre será a nossa maior meta.

Sábado, dia 12 de março e segundo dia do SXSW, após percorrer algumas sessões com muitas ideias novas, eu corria em direção à minha última palestra do dia, que falaria de conexão entre pessoas. Foi nesse momento que passei por uma fila cujas pessoas estavam em uma sensação de tanto entusiasmo que não consegui evitar, se não, desistir do meu destino e ficar ali com elas. O entusiasmo se tratava da palestra Designing Happiness.

Não acreditava que isso seria possível. Desenhar um sentimento, algo intangível e abstrato, parecia mais uma proposta de engano – tão comum na indústria da comunicação. Não fosse a alegria da fila, não teria comprado a ideia. O sentimento compartilhado gerou ali, naquele recorte da minha jornada de consumo do SXSW, conexão prática, influência e conversão. A primeira evidência de que felicidade não é algo utópico ou subjetivo. É comunicável, objetivo e naturalmente atraente.

Bruce Vaughn (former Chief Creative Exec) da Walt Disney era um dos palestrantes, junto com Gabby Cohen (SVP Brand Strategy) da SoulCycle e Rendall Stone (Experience Innovation Director) da Lippincott.

Bruce demonstrou, no painel, a mentalidade que direciona a maneira de pensar felicidade na Disney. Nessa mentalidade, o ponto de sustentabilidade do negócio: a felicidade está disponível em todos, é uma questão de gerar meios que facilitem o seu despertar. Como? Retirando o medo. Dos ambientes às relações, o design da Disney trabalha para tomar decisões que criem atmosferas seguras. A cordialidade do staff, por exemplo, deixa isso explícito. Outro ponto é a jornada da experiência. O “happy ending” é fundamental para construir uma memória feliz de toda a jornada. Por isso, no fechamento do dia, acontece o famoso show de fogos de artifício, chamado de “kiss good night”. Porém, o desafio do departamento de design da Disney, nesse momento, tem sido não deixar a peteca cair no pós-show, onde a multidão que sai toda junta do parque pode ter chance de sentir frustração, uma vez que os transportes lotam e a experiência do dia todo pode ser “roubada” por uma memória de stress.

A Gabby Cohen da SoulCycle, uma nova proposta de academia de spinning, expôs o relacionamento como sendo o ponto chave do negócio. A SoulCycle reinventou a maneira de pensar o exercício físico. O que antes era um “must do” em uma check-list, foi transformado em um momento de gerar convivência e conexão entre pessoas, fazendo, naturalmente, do ambiente da SouCycle, um lugar alegre. Entregam uma proposta de valor que facilita o despertar da felicidade, também tirando o medo, mas pela via do ser aceito em seu meio. Uma prática do Designing Happiness da empresa é disponibilizar um budget para todos os funcionários com o objetivo de surpreender e encantar os clientes. Entre deixar um presente no locker a talvez levar o cliente para um café, todos os colaboradores têm a liberdade de escolher como aplicar o budget para gerar experiências que resultem em relacionamento.

O Rendall da Lippincott, uma consultoria estratégica de Nova Iorque, exemplificou que modelos de negócio como o Uber e o Lyft se tornam atraentes para as pessoas, porque reinventaram a relação motorista-passageiro que terminava em uma dinâmica fria e transacional de pagamento, por uma dinâmica calorosa entre pessoas que termina com um “Obrigado, tenha um bom dia!”. Afinal, o pagamento já está resolvido e nós não precisamos mais falar disso. Um simples detalhe que, segundo ele, inovou e reinventou o conforto da experiência.

Em um momento de cenário de mercado, que como no SXSW, milhares de novas ideias surgem diariamente e seduzem os nossos olhos, é fácil se deixar pensar que ideias são prioridade. Mas se elas não servirem para tirar o medo, para nos fazer sentir compreendidos e aceitos em nossos meios de convívio, confortáveis em nossas relações, se tornam tentativas inválidas diante da única meta que verdadeiramente temos: a felicidade.

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