O dia em que fui a uma festa de milionários

Eu achava que o mundos dos ricos era mais Hollywood e menos realidade. Até o dia que eu fui em uma festa da mais seleta high society de São Paulo. 

Pra você não achar que isso daqui é um roteiro vazado do programa “A Liga” ou coisa do tipo, vou tentar não parecer um jornalista dizendo que os caras bebiam Veuve Clicquot e o quão cara é a garrafa dessa bebida de playba. Vamos aos fatos.

Se você que está lendo e é um daqueles estudantes universitários, que usa mini planilha de Excel na mente e faz função PROCV todo dia pra achar onde é que tá o dinheiro da coxinha… toca aqui. É osso, eu sei. Somado isso ao fato do desemprego estar pegando mais que música do É O Tchan na década de 90, a gente sobrevive de freelas. Não tô falando de freela home office não amigo, é QUALQUER TIPO DE FREELA. Numa dessa eu consegui um lugar privilegiado numa party que olha… pesado.

Podem falar que este pedaço de terra está em crise à vontade, mas a indústria de eventos nesta bagaça funciona a todo vapor! Toda semana tem casamento, festa de aniversário, festa de debutante, festa de aniversário de casamento, festa de aniversário de aniversario – existe, é sério – e tudo mais que você possa imaginar. Observando esta oportunidade como um Falcão Negro em dia de caça, decidi adentrar neste mundo de eventos sociais que deve movimentar fácil uns milhões por buffets a fora.

Pra você que não conhece o esquema, vou explicar: quando se é de alguma equipe de um Buffet, seja lá o que você faça, o endereço da festa chega em segredo. Parece que você vai numa reunião da Yakuza e que alguém vai morrer lá. Não é uma parada organizada, tipo “olha gente, mês que vem tem festa na casa do fulano”. É basicamente uma mensagem de whatsapp que chega dois dias antes do evento, só com o endereço. Apenas. Você não sabe quem é o cliente, não sabe o que vai ser, não sabe se realmente a Yakuza vai estar lá… Neste ramo, existem muitas viagens também. Esse da história de hoje foi um caso. Geral se reuniu na frente da “sede” do Buffet, o dono provavelmente estava dormindo em algum duplex da Zona Sul, enquanto nós arrumávamos tudo em direção ao tal lugar.

Entra no busão, segue viagem.

Chegando no local (esses loteamentos de terra com casas contemporâneas no interior de São Paulo), dá-lhe chicote nas costas pra preparar tudo pros granfinos de logo mais. Mandaram eu ir no Hangar que ficava antes do lago (sério, olha que surreal isso, parece minha mãe mandando eu ir buscar a vassoura no quintal quando eu derrubo pedaço de torta na sala) pra arrumar as bebidas pros convidados que iriam chegar. Sim, os caras iam chegar de helicóptero.

– Cuidado com a bebida, é caro! – disse o maître pra mim. Nem quis perguntar o preço, vai que algum efeito psicológico retardado me acomete no meio da decida, eu caio e quebro aquele Dolly de abastados. Vou na fé.

Gostaria de dar um pause aqui pra dizer como é bonito descer de um helicóptero. Não é que nem as escadas do ônibus que você pega todo dia. No helicóptero tem toda uma engenharia corporal, que combinada ao barulho de Águia Dourada + vento nos vestidos/ternos, deixa tudo muito Vanity Fair. Mó Glamour.

A festa nem se fala… Galera bonita viu?! Bonita nível não saber quem é a mãe e quem é a filha. O pai você manja rápido. Aqueles barulhos de helicópteros chegando não paravam. Inclusive esse “tu tu tu tu tu” das hélices despertavam um senso de urgência no meu inconsciente. Talvez porque sempre que tem algum helicóptero perto de mim, provavelmente é por estar filmando alguma desgraça na cidade fazendo link ao vivo com o Datena.

Jogaram um iPhone de trote na piscina da sala (não tem nem como eu te explicar como é que existe uma piscina na sala velho, imagina aí) e todo mundo ria! As garrafas de champagne saíam mais rápido que água de coco na praia, selfies glamourosas… e olha que nem tinham lançado o face swap ainda, senão ia ter nego trocando de rosto com as bandejas de canapés de carpaccio fácil fácil. As risadas eram todas muito vistosas, as crianças tinham seus próprios tablets de última geração, e tinha muito mocassim com calça de sarja ao longo de toda aquela mansão Wayne. DJ famoso? Confere. Banda cover? Não, lá eram os originais. Gente conhecida no cenário brasuca. Tocaram 2h. E devem ter ganhando o que minha família ganha em dois anos de trabalho. Um dos tios ostentava um relógio que havia comprado na Europa, e falava pro amigo que comprou naquela loja da avenida Bahnhofstrasse, em Zurique na Suíça. Joga no Google e vê como é.

Teve hora que eu ficava imaginando: qual é a preocupação de um cara desse?

No fim da festa, eles não foram embora de helicóptero. Foram com seus próprios carros, trazidos por valets que mais pareciam a categoria de base do Uber. Tinha Ferrari, Jaguar, Aston Martin… esses carros sabe? Quem nunca. Encerrava minha participação ali na festa mais da hora que eu fui na vida. Tava a trabalho mas curti. Eu era tipo um gandula de final de Copa do Mundo. Tá a trabalho? Tá, mas devolve a bola pro Messi na beira do campo. Chupa numerada!

Ah… esqueci de dizer que esses dias vi no jornal que um dos caras que estava naquela festa, foi mencionado no processo da Lava Jato. Aí descobri qual era a preocupação do cara. Melhor ser gandula as vezes.

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