Já escrevemos aqui sobre o Leão da campanha da Closeup, mas mesmo sem admitir, muitos estão impressionados com o feito. Então, volto ao assunto.
A campanha criada pela agência F.biz espalhou uma série de cartazes com diversos tipos de beijos e a mensagem “Não julgue. Beije.” pelos relógios de rua de São Paulo e pela timeline do Instagram de muita gente – você certamente deve ter esbarrado com uma peça da campanha por aí. No UoD, recebemos um pack enorme com os cartazes (que agora vão querer enquadrar).
Aqui, em Cannes, a peça foi premiada com troféu de prata em “Health & Wellness”. Eram 14 concorrentes brasileiros, mas apenas a campanha feita para a marca de creme dental da Unilever saiu vitoriosa, sendo responsável pelo único leão brasileiro na categoria. O que, para o nosso país em especial, significa muito.
É claro que o público de modo geral não está atento ou vidrado em tudo o que acontece em Cannes. Ainda bem. Tirando os profissionais da área, os interessados no universo da propaganda e um ou outro curioso, poucas pessoas sabem o que de fato acontece na premiação e o que esses tais leões significam.
Mas o fato é que, quando a Closeup lançou a campanha no Brasil, recebeu uma série de críticas, em especial nas redes sociais. Foram muitas. E que não pararam até agora. Principalmente por plágio. No Brasil, ainda é raro ver casais homossexuais em peças publicitárias, filmes ou novelas – isso porque boa parte da população é extremamente intolerante quando o assunto é diversidade sexual. E, quando acontece, ainda gera muita discussão equivocada. Então, por incrível que pareça, quando uma marca levanta a bandeira contra o preconceito de forma tão direta, ainda vira alvo de retaliação. A Idade Média tá logo ali. Ações como essa ainda são vistas como “ousadas” ou “corajosas” quando, na verdade, deveriam ser simplesmente normais. E, bem normais. E aí acontece aquilo que o brasileiro infelizmente adora fazer: encher as redes das marcas de críticas e comentários preconceituosos, incitando boicotes aos produtos e denunciando as páginas da empresa.
Parece tão bobo, né?
Por isso o leão da campanha da Closeup deve ser celebrado. É uma porta aberta e, quem sabe, um incentivo para que as grandes marcas invistam cada vez mais em campanhas assim – que não precisam ser didáticas ou professorais para passar a mensagem contra o preconceito, e sim diretas e capazes de tratar o tema com a maior naturalidade possível. E, tomara que em pouco tempo isso não precise ser premiado para entendermos a importância.
E, se você não concorda, não é só preconceito é limitação intelectual mesmo e, se por você, tudo bem isso. É burro mesmo.
Ponto para o Brasil.
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