Aposente a sua carteira

Ouço e leio muito sobre a simplificação da experiência ao pagar algo. Aliás, foi pesquisando/experimentando um novo aplicativo que ouvi a frase:  “A melhor experiência de pagamento é nenhuma experiência de pagamento”. Tive que dar toda a razão.

Imagine combinar uma viagem para fora do país com um grupo de amigos em um passado não muito distante – algo como cinco anos atrás. Para começar, vocês precisariam de alguns encontros presenciais para reunir todo mundo e, munidos de guias, bloquinhos e canetas, combinar destino, orçar gastos e definir datas. Depois, seriam necessárias idas a agências de viagem para finalmente fechar os pacotes. Chegado o grande dia, vocês separariam uma boa quantia em dinheiro para bancar o custo de uma viagem de táxi até o aeroporto – já que eles nunca passariam seu cartão de débito muito menos o de crédito. Ao chegar ao destino, vocês iriam provavelmente direto ao hotel escolhido para fazer o demorado processo de check-in e então se hospedar. De volta para casa, viria então a parte mais complicada: fazer todas as transferências de grana para zerar aquela história de “eu paguei o mercado” e “fulano fez a minha naquele passeio” e assim por diante. Será que uma “carteira digital” e inteligente não ajudaria? Será que uma maneira de mandar dinheiro para outra pessoa, simples como uma mensagem, não ajudaria?

Agora imagine a mesma situação no cenário atual. Dez minutos no grupo do Whatsapp dos amigos e uma busca ou outra no Google já definiriam quase toda a viagem. Mais uma pesquisa rápida e as passagens de avião mais baratas estariam garantidas. Outros minutos online navegando pelo Airbnb e a opção mais em conta de hospedagem também já estaria riscada da to do list. No dia, daria para sair de casa sem dinheiro nem cartão no bolso e mesmo assim bancar uma corrida de Uber (seja em um carro ou em um helicóptero – pois é) até o aeroporto. Chegando ao destino, o check-in, todo adiantado pela internet, estaria resolvido em dois tempos e, ao longo dos dias, um aplicativo como o Splitwise cuidaria de todos os estresses de divisão de contas de vocês.

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Por isso, aposentar a sua carteira física. Um bom exemplo facilitador é o app PicPay, uma opção de carteira digital completa, em que você compartilha dinheiro com seus contatos e paga a conta em estabelecimentos locais. O serviço  tem como principal objetivo facilitar o processo de realizar e receber pagamentos. Com ele, é possível ainda transferir o dinheiro da carteira virtual para a conta bancária sem custos adicionais não só entre amigos, mas também entre cliente e estabelecimento.

“Nossa missão é revolucionar a maneira como as pessoas se relacionam pelo dinheiro, permitindo fazer pagamentos de uma maneira muito mais simples, rápida e segura.” me contou, Diogo Roberte (gente boa, criador do app).

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Toda essa introdução é para tentar contar, na prática, como hábitos simples do nosso dia a dia mudaram completamente em um curto espaço de tempo e sugerir alguns desses serviços disruptivos (palavrinha tão usada hoje em dia, né?). Houve uma mudança brusca na forma como nos relacionamos, nos transportamos, viajamos e, por consequência, em como lidamos com o nosso dinheiro. Todos esses novos serviços, além de substituírem os antigos, solucionaram problemas que enfrentávamos – o que resultou em menos perda de tempo, menos dor de cabeça e mais economia. Isso é inovação.

É por isso que não precisamos ter como meta a criação de um novo produto e sim uma ideia que solucione uma questão já existente. Facilidade a acessibilidade são as palavras-chave do momento. Bons exemplos são a Videojobs, que criou uma plataforma de entrevistas online para facilitar o processo de seleção de novos funcionários para as empresas e a Vesteer, uma plataforma para vender camisetas online em um processo simples que se divide em três passos: o cliente cria seu perfil no site, faz o upload do design da camiseta, divulga nas redes sociais e pronto, a startup faz a produção e a entrega das peças.

Ainda estamos atrasados quando o tema é a relação das pessoas com o dinheiro. Veja só: no ano passado, o governo da Dinamarca anunciou que daria fim ao uso de moedas e cédulas de dinheiro em lojas de roupas, postos de gasolina e restaurantes até o fim de 2016. Já no Equador, o governo do presidente Rafael Correa colocou em prática, em dezembro de 2014, um sistema de dinheiro eletrônico. Administrado pelo Banco Central, ele permite realizar transferências entre usuários, efetuar compras e pagar passagens no transporte público. Em breve, será possível ainda pagar taxas públicas.

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Já na Suécia, país número 1 nos avanços tecnológicos, berço do Spotify e da produtora do Candy Crush, até a maioria dos bancos já não aceita mais dinheiro em espécie. Em mais da metade das agências dos grandes bancos não há dinheiro em estoque e não são aceitos depósitos em dinheiro. E o primeiro resultado positivo dessa ação na prática foi a economia na segurança, já que não há mais incentivo para assaltos a bancos. Isso sem falar que moedas e cédulas têm alto custo de produção, armazenamento e transporte.

Ou seja, a conclusão é aqui no Brasil irmos pelo mesmo caminho – ainda que a passos mais lentos. A maioria dos nossos bancos já conta com aplicativos para computador e celular que suprem quase todas as nossas necessidades (ainda bem), mas nosso comércio ainda é consideravelmente movido a dinheiro em espécie, bem como nossos serviços básicos, como transporte público, correios e postos de solicitação de documentos. Se uma das grandes vantagens do Uber é possibilitar uma saída de casa sem dinheiro ou cartão no bolso a ideia de aposentar a carteira não é apenas uma questão de comodidade, e sim de proteção.

E, ao que tudo indica, são serviços com futuro garantido em solo brasileiro.

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