O Santo Graal dos filmes de carros completa 40 anos 

https://www.youtube.com/watch?v=zvDXlDxMnb4

Gravado nas ruas de Paris em 1976 com tecnologia limitada, sem permissão das autoridades, sem controle de tráfego e com uma boa lista de fatores conspirando contra, talvez não tenha sido por acaso que o curta de Claude Lelouch tenha ganhado o status de Santo Graal pelos fãs de velocidade.

Pode ser que você até já tenha assistido um trechinho dele naquele clipe famoso da banda Snow Patrol. Mas o filme que estamos falando aqui é a sua “versão completa” e tudo o que ele representa.

Pra você que gosta de carros e ainda não assistiu, vai soar como música para os seus ouvidos (acima). Em resumo, Lelouch atravessou a cidade de Paris em uma Ferrari 275GTB em menos de 10 minutos.

O motivo?

Era “C’était un rendez-vous” ou “O encontro” (em livre tradução), que tinha marcado com a senhorita Gunilla Friden (miss Suécia 1968 e então sua namorada), que o aguardava na escadaria da Sacre Couer.

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Ok, talvez o motivo da pressa não fosse a saudade que o diretor estava sentindo de miss Friden, mas sim o tempo limitado do rolo de 35mm usado por ele para gravar o filme. Os rolos suportavam cerca de apenas 10 minutos de gravação naquela época. Não chegar na escadaria da Sacre Couer nesse tempo poderia fazer com que “O encontro” acontecesse, mas não fosse captado pela câmera. Lelouch não correu o risco e dirigiu perigosamente (em alguns momentos a 200km/h) até lá.

E por falar em câmera, acho que não preciso te lembrar que naquela época a versão da “GoPro” era um pouco mais rudimentar.

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A partir daqui, começam a surgir as dúvidas e especulações. Se Lelouch atravessou a cidade dirigindo uma Ferrari, porquê o carro com a câmera na foto acima é um Mercedes-Benz 460SEL 6.9?

Pois bem, as teorias levantadas sobre o curta eram tantas que em 2006 o diretor fez um a espécie de making-of, para amenizar a curiosidade dos fãs.

Uma delas, era sobre a constatação que o carro na verdade não era uma Ferrari 275GTB.

Especialistas apontaram que o audio das trocas de marchas não condiziam com os movimentos do carro no vídeo, nem com a possível rotação atingida pelo motor do veículo nas retas, o que foi confirmado por Lelouch ao revelar que o carro que carregou a câmera durante o vídeo era a Mercedes-Benz 460 SEL 6.9 da foto. O barulho do motor no entanto era, na verdade, um overdub da Ferrari 275GTB que se especulava inicialmente.

Outra teoria clássica é a de que seria impossível Lelouch completar o trajeto em segurança sem ter o apoio de pessoas em campo, o avisando do tráfego nos cruzamentos mais perigosos. De fato, essas pessoas estavam posicionadas nesses pontos. Mas, por ironia do destino, seus rádios falharam e não foi possível avisar o diretor/piloto sobre a situação do trânsito, o deixando as escuras e contando com “sorte” para chegar inteiro ao encontro.

Em 2012, o canal /Drive fez um vídeo especial com curiosidades e algumas das teorias mais populares sobre o filme de Lelouch. Vale o play (em inglês).

Mesmo 40 anos e diversas franquias milionárias de filmes sobre carros depois, é interessante ver como Lelouch conseguiu, com um carro, uma câmera, uma locação icônica e muita sensibilidade, fazer uma das mais belas e perigosas obras cinematográficas de sua carreira.

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