Acabei de ler hoje, Vozes de Tchernóbil, livro da escritora bielorrussa Svetlana Alexiévitch. Durante 10 anos, a autora recolheu depoimentos das mais diversas naturezas para recriar o relato de uma das maiores catástrofes da humanidade. A obra foi publicada em 1997, mas só chegou no Brasil recentemente.
Olha, que paulada esse livro. Meu saudoso mestre Mario Chamie dizia que “se for para escrever algo que não vá incomodar as pessoas, nem se dê ao trabalho de gastar seu tempo”. Svetlana Alexiévitch foi fundo nessa ideia e compôs uma sinfonia de poesia e dor única ao dar voz a operários, maridos, esposas, crianças, militares e cientistas que – de uma maneira ou de outra – viveram de perto os horrores do acidente com o reator nuclear de Tchernóbil.
A escritora colheu os depoimentos e, com talento único, “costurou” as diferentes narrativas de maneira extremamente impactante e imersiva. Um texto que te coloca pra pensar, e muito, no final sobre questões sociais e humanas.
É pesado e com momentos indigestos, mas – ao mesmo tempo – consegue ser belíssimo em sua essência.
Prêmio Nobel, Svetlana Alexiévitch, teve seu livro publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
Imperdível.