Nerve – Black Mirror em versão teen

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Que as pessoas fazem de tudo pela fama e por causa dela não é novidade para ninguém. Assunto batido, até.

No mundo em que vivemos hoje, existem infinitas redes sociais que permitem que cada pessoa tenha um espacinho para expor o que quiser sobre si mesma, e um público de pelo menos alguns seguidores garantido. E quem não se sente todo importante quando aquela conta, que não é nem de amigo, nem de família, te segue nas redes sociais sem motivo aparente? Esse pinguinho de sentimento de fama faz com que todo mundo conheça pelo menos uma pessoa que quer ser, ou então é, “Internet Famous”. Se há um tempo atrás imaginávamos o que responderíamos em uma entrevista pro jornal, hoje podemos gritar essa resposta pra uma rede de seguidores sem ninguém ter perguntado. E alguém com certeza vai ler.

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Pensando nessa ideia de redes sociais, seguidores e realidade aumentada, a dupla de diretores Henry Joost e Ariel Schulman chegam com uma adaptação de um livro de Jeanne Ryan, chamado Nerve. É sobre um jogo de mesmo nome, aonde você pode escolher entre ser um espectador ou um jogador. Os espectadores, protegidos pelo anonimato, são quem realmente têm o poder de fazer tudo acontecer, enquanto os jogadores são os que são ousados o bastante para participar.

Por 24 horas, o jogador se submete a completar desafios propostos pelos espectadores. Os espectadores têm o controle, mas os jogadores têm o amor dos seguidores. Os desafios impostos vão desde “beijar um desconhecido em um restaurante” até “se pendurar de um guindaste a 100m de altura”. Ao completar cada desafio, você ganha mais espectadores e prêmios em dinheiro, que serão perdidos caso o jogador desista ou falhe em um desafio.

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É nesse cenário que Vee (Emma Roberts), uma garota de Staten Island com uma mãe superprotetora e uma veia artística reprimida, entra no Nerve como jogadora e vai para Nova Iorque, a cidade que esteve sempre há uma curta viagem de balsa de sua casa, mas nunca realmente explorada. Ah, tudo isso junto com Ian (Dave Franco), o “príncipe” misterioso que os espectadores escolhem para juntar-se a ela nos desafios e que a leva para realmente ver o mundo.

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Já deu pra ver uma história cheia de clichês, né? Principalmente em seus personagens: a menina tímida virando princesa moderna, com um vestido brilhante que parece ter sido feito especialmente para ela usar junto com seu par de tênis está longe de ser novidade, e seu grupo de amigos também está incluso nos estereótipos que sempre vemos no cinema. Temos a melhor amiga popular e extrovertida, o jogador de futebol, o geek apaixonado pela personagem principal… Mas a montagem, trilha sonora e principalmente a vibe disco-neon da cinematografia fazem ser um filme gostoso de assistir, que entretém bastante até a sequência final, que decepciona um pouco ao tentar mostrar um jogo que foi longe demais.

O timing para o lançamento de Nerve foi ideal, em meio a febre de Pokémon Go e ainda podendo ser comparado com pelo menos mais 10 redes sociais. Para mim, é muito parecido com Vine, uma rede social composta por usuários que postam (ou só assistem) vídeos de 6 segundos de assuntos diversos, em sua maioria dominados pela zoeira. E a gente vê o pessoal fazendo absurdos lá, muitos com a justificativa de “Do it for the Vine”, ou seja, estão “fazendo pelo Vine”. E ainda têm toda essa história de “viners” famosos se juntando e produzindo conteúdo uns com os outros também. Fica claro no filme como grande parte das tecnologias que usamos são controladas quase 100% pelos usuários, e quanto poder eles têm para fazer com que alguém faça coisas antes inimagináveis. Quanto ao elenco, ele têm apelo, com rostos conhecidos, com direito até a participação de duas atrizes de Orange is The New Black.

No fim, a junção da leitura do mundo dominado por alguma tecnologia é balanceada com o clima de histórinha teen, e assim um filme que poderia trazer consigo uma crítica pesada segue um caminho leve e gostoso de assistir (se deixarmos de lado seus minutos finais).

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