Em busca da profissão certa?

Você já pensou se a profissão que escolheu é realmente a carreira que deseja seguir? Número significativo de jovens, logo após o término do Ensino Médio, se depara com a difícil tarefa de decidir qual graduação cursar na universidade. O problema se inicia da necessidade de se escolher uma profissão em uma fase tão significativa e conturbada da vida, onde se instaura a passagem da adolescência para a idade adulta.

Vive-se num contexto social que se o jovem não ingressar na faculdade recebe a caricatura de fracassado. “Se você sai do Ensino Médio e não entra logo em uma Universidade, você ‘logicamente’ não pretende estudar mais”, afirma o universitário Danilo Soares. O jovem de 21 anos, que logo após terminar o colegial ingressou no curso de Administração, conta que esta escolha foi realizada “pensando em tocar o comércio da família”, mas que a pressão social e familiar também influenciaram na sua decisão. Soares, já no primeiro período do curso, percebeu que a profissão não era a que realmente lhe interessava e, assim, resolveu tomar outros rumos. Hoje, o estudante cursa Engenharia Civil e acredita que a chave da questão é trabalhar com o que gosta. “Se você possui afinidade com um curso e acredita que independente do que os outros falem, você irá trabalhar feliz, com certeza você será um bom profissional”, ressalta.

Para, Cíntia França, formada em Psicologia, a história foi um pouco diferente. A jovem, que hoje tem 28 anos, conta que o sonho de se tornar psicóloga surgiu muito cedo. “A psicologia surgiu na minha vida quando ainda era criança”, relata. Cíntia conta que esta escolha seu deu pelo desejo que possuía de “fazer algo para ajudar as pessoas que ficavam à margem da sociedade”. O tempo passou e, logo depois de estudar alguns anos em um curso preparatório para vestibular, Cíntia conseguiu alcançar seu sonho de infância: começou a estudar Psicologia. No entanto, quando vivenciou mais de perto a profissão que escolheu, a estudante começou a repensar sua escolha. “Por muitas vezes pensei em largar o curso, porém não sabia o que gostaria de fazer se não fosse Psicologia”, relembra. Mesmo com as dúvidas, Cíntia continuou a graduação e se formou em 2011. A questão é que depois de receber o diploma, a psicóloga se viu em um embate: “depois que formei, encarar o mercado de trabalho foi desesperador. Não há vagas e, quando elas existem, exigem que você tenha uma experiência vasta em determinada área”.

Desta maneira, em meio a dúvidas e incertezas, Cíntia decidiu traçar outros rumos para sua carreira profissional. Hoje, seu maior sonho é ingressar no serviço público. “É uma meta que exige muitos sacrifícios, disciplina e fé”, destaca. França enfatiza que com o tempo e com suas vivências ao longo dos anos aprendeu que ninguém pode ser feliz o tempo todo. Para ela, “dentro da carreira profissional temos que entender que teremos dificuldades, que possivelmente haverá dias gloriosos e dias nublados”. O importante, segundo Cíntia, é conseguir trilhar uma meta e lutar para conquistá-la. “Entre erros e acertos acredito que estou buscando um caminho”, ressalta.

Escolher uma profissão nunca será uma tarefa fácil. Para a psicóloga e orientadora vocacional, Janaína Lopes o essencial é que se pesquise muito antes da tomada de decisão. “É bom conhecer profissionais da área, se informar sobre o mercado de trabalho, dificuldades da profissão”, informa. A profissional lembra que não existe uma escolha totalmente certa, para ela o primordial é que se tenha o menor número de dúvidas, “para errarmos o menos possível”.

A orientadora vocacional pontua que necessidade de se escolher uma profissão logo após o término do colegial é um fator que colabora com o alto índice de desistências nos cursos na graduação. “Ao fim do ensino médio, surge uma certa cobrança tanto familiar quanto social de que é o momento de definir o caminho que seguirá profissionalmente pelo resto da vida. Antes do 3º ano do ensino médio, pouco se conversa com esse jovem sobre as possibilidades que existem sobre o trabalho”, esclarece Janaína. Além disso, para a psicóloga “muitos reduzem a escolha profissional à escolha de um curso superior, o que é uma ideia superficial do que é ter uma profissão”.

 

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Foto: Jake Melara

DEPOIS DOS 20

Enquanto alguns jovens sofrem para decidir qual profissão seguir, a história da professora Terezinha de Fátima mostra que nem sempre é na juventude que se encontra o caminho mais adequado. Quando jovem, “a necessidade de trabalhar”, devido às condições econômicas da família fez com que Terezinha fosse atuar como doméstica e deixasse os estudos. “Minha mãe não tinha recursos, perdi meu pai muito cedo, então tive que trabalhar como doméstica e babá”, conta.
 
A questão era que Terezinha mantinha consigo a vontade de se tornar professora. “Era um sonho meu desde criança”, lembra. Só aos 22 anos, voltou a estudar e fez o magistério. Mais tarde se casou, teve o primeiro filho e permaneceu durante 10 anos sem atuar como professora. “Mesmo assim continuava meu desejo de entrar na sala de aula para trabalhar”. Logo depois de se mudar para Uberlândia, Terezinha fez um concurso em 1993 para trabalhar na rede municipal de ensino e foi aprovada. “Foi aí que eu consegui realizar meu grande sonho”, lembra. Hoje, ela trabalha há 20 anos na mesma escola, formou-se no curso de Pedagogia em 2009 e também é pós-graduada em Psicopedagogia. “Eu amo mesmo minha profissão. Sinto-me feliz na hora que estou dentro da sala de aula”, enfatiza.

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