Como foi o segundo Spotify Talks: Som e Imagem

Por Helena Villar

Qual a importância da imagem na música?

Som e imagem. Dois sentidos diferentes, mas que unidos aguçam um ao outro. Este foi o assunto do nosso segundo Spotify Talks: a importância da imagem na música. Para a discussão, mediada pelo curador Alexandre Matias, participaram as diretoras de arte Joana Mazzucchelli e Anna Turra, o músico Thiago Pethit e Filipe Cartaxo, responsável pela concepção visual do Baiana System.

(você pode assistir a conversa inteira em nosso Facebook).

Aqui, um pouco do que aprendi:

A relação som e imagem parte de um princípio indispensável: quando a música não é comovente, não há imagem que a transforme e cative o público. Foi o que comentou Joana: “A partir do momento que a música comove, tem uma força própria, é uma delícia construir uma imagem sobre o que isso remete ao artista, que universo lúdico isso constrói em sua cabeça. Aí a coisa casa perfeitamente”. Os dois elementos dissociados, em graus de qualidade diferentes, não conversam, se sustentam ou se complementam com perfeição. A imagem deve ser tão melódica quanto o som, e o som tão visual quanto uma imagem. Essa combinação é o que desperta nossos sentidos – audição e visão – e é absorvido pelo nosso repertório emocional. A construção das cores, takes e figuras devem conversar com o conceito, o objetivo da música e composição do artista, refinando ao máximo sua potencialidade poética.

https://youtu.be/3pCrAP1CoUg

Influenciado por anos de dedicação ao teatro e paixão pelo cinema antigo, Thiago Pethit consegue visualizar com mais facilidade a materialização dos símbolos que estão em seu imaginário – garotos de programa, rebeldia, amor, cenas em desertos ou quartos bagunçados. Ainda como artista independente, a característica mambembe do teatro lhe dá força e manejo para construir seus clipes com pouca verba e estrutura. Este domínio permite ao artista comunicar-se com sua equipe e expor com exatidão o que seu som significa para si. Nem sempre o músico tem esta clareza e noção do que pode ser feito tecnicamente, e até mesmo de qual imagem quer assumir. Muitas vezes, traduzir os anseios e referências abstratas é tarefa das diretoras Anna Turra e Joana Mazzucchelli – em resposta, o artista confia na interferência pessoal e experiência profissional de ambas. É de grande responsabilidade pensar e concretizar a imagem de um músico, os conceitos que serão transmitidos por ele, de forma ainda que converse com seu público e exprima sua identidade.

https://youtu.be/iGT4FX05NUw

Entre interesses musicais baseados nas imagens, todos os convidados comentaram que, na adolescência, escolhiam discos de vinil pela capa – Joana Mazzucchelli ainda tem o costume de comprar DVDs de diferentes artistas para ver os mínimos detalhes na criação de palco e tomar como inspiração e até desafio a realizar. Anna Turra sempre foi além das recomendações de seus amigos, e gostava de descobrir artistas diferentes, escolhidos praticamente pela capa. “Como a música é uma questão de estética, você às vezes olha e pensa: “Eu vou gostar disso”, conta ela. Para Cartaxo, profissional em arte gráfica, a capa de vinil é um grande tesão, e as imagens de Gilberto Gil representam fortemente a Bahia em que nasceu e as referências do trabalho do BaianaSystem para ressignificação de elementos da cultura popular.

https://www.youtube.com/watch?v=cQaZ5gZDeBI

Como referência internacional do casamento inovador entre som e imagem está David Bowie. Gabriella Lancelotti, Social Marketing Manager do Spotify, diz que sempre consumiu o trabalho do artista 100% por causa da imagem. Thiago Pethit também citou Bowie, além dos Rolling Stones, como artistas em que ele mesmo se espelha: “Artistas da música que fizeram revoluções estéticas, aliando uma imagem transgressora a uma música transgressora”.

O meio digital, atualmente, traz a renovação desta relação entre música e imagem. Sem dúvidas, ela perdura e fascina, mas exige do designer a adaptação às diferentes plataformas em que a imagem será exposta. Cartaxo, além de fotógrafo do BaianaSystem, garante que a construção de palco não se repita em nenhum show, assim como os banners de divulgação das próximas apresentações. A característica do grupo é, ainda, se desprender de uma imagem individual e rosto fixo dos integrantes (que inclusive variam entre 5 a 8 pessoas), através da proposta de divulgação por máscaras com o símbolo que os representam.

https://youtu.be/c25cx6SyOMs

Anna Turra destaca que sua identidade como diretora de arte corre pela influência de projeções principalmente gráficas, preocupação com cores – para que elas não se misturem e alterem sua tonalidade – e interferências sobre as posições dos elementos do palco e integrantes da banda, conduzidas pela sua formação em arquitetura. Já Joana Mazzucchelli, que trabalha principalmente com artistas mainstream, o foco está em, além de entender quem é a pessoa e o que determinados símbolos representam para ela, usufruir ao máximo das tecnologias de palco, luzes de LED, efeitos audiovisuais para surpreender, chocar e comover os sentidos do público.

A segunda edição do Spotify Talks nos remete ao fascínio, mágica e encantamento da poesia conjunta entre imagem e som; a pulsação e sensações que despertam nossos diferentes sentidos e os fazem convergir. Entre explosões de luz nos grandes shows de sertanejo, o rock ‘n roll soft e rebelde e símbolos baianos, ouvidos e olhares atentos para o próximo evento.

Em novembro, teremos mais um Spotify Talks.

Fotos e vídeos por Melina Kato.
Entrevistas por Ricardo Tibiu.

Receba nossos posts GRÁTIS!
Mostrar comentários (4)

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More