Esse final de semana foi dedicado para uma intensa arrumação nas minhas HQs. É incrível a quantidade de material que a gente consegue juntar em 27 anos de coleção. O processo de organizar e limpar o armário nem é tão demorado, mas tem momentos que achamos uma HQ especial – aquela que é sempre legal reler – e aí, pronto: pausa para leitura e procrastinação da arrumação.
No meio de tantos quadrinhos achei dois exemplares que me inspiraram para escrever este post: DIGITAL JUSTICE do Batman e CRASH do Iron Man. O que elas possuem em comum? Ambas são pioneiras no ramo de HQs desenhadas em computador. CRASH, de 1988, é – inclusive – considerada a primeira graphic novel completamente feita em micro; DIGITAL JUSTICE veio na cola em 1990. Consultei um amigo que é estudioso acadêmico de quadrinhos e ele me disse que, na verdade, existiram experimentos anteriores e fanzines feitos em PCs, mas estas edições foram pioneiras em trazer heróis famosos para uma produção 100% digital.
Me lembro o furor que estes quadrinhos causaram quando foram lançados aqui no Brasil. Fanáticos por HQs queriam a todo custo ter estas “inovações” em suas coleções. Hoje a gente olha e percebe o quão pixelizadas e carnavalescas eram as imagens. Olhem só essa sequência de DIGITAL JUSTICE que o vírus Coringa aparece para o Batman:
Parece este clipe da banda alemã Kraftwerk. =)
https://www.youtube.com/watch?v=lj1qLbJfmE8
Hoje é bastante comum termos HQs que são produzidas em mesas de desenho e são completamente digitais. No entanto, olhar para os primórdios de quando isto estava começando a chegar no mercado mainstream é uma verdadeira arqueologia lúdica. Reparem nos detalhes da cena a seguir e tente fazer o exercício de como deve ter sido desenhar cada quadro desse usando um computador do final da década de 1980.
Vale lembrar também que na década de 1990 a editora Image – que lançou Spawn, Wildcats e Cyberforce – usou e abusou dos recursos vigentes de Photoshop na época para dar um colorido único nos desenhos de Jim Lee, Todd McFarlane, Marc Silvestri entre outros. Eu ficava mesmerizado com o colorido destas HQs quando era mais novo e, hoje, praticamente só leio quadrinhos independentes que são P&B.
O papo aqui é infinito, mas vale uma busca na web para procurar versões digitais de CRASH e DIGITAL JUSTICE. Bom demais encontrar com este tipo de conteúdo no fundo da prateleira.