Share Your City | Video mapping – Intervenções urbanas

Na busca constante em conversar sobre economia criativa e entender o que pessoas que decidiram seguir caminhos diferentes estão produzindo, a série “Share Your______” conversou com quem faz a sua parte nesta construção. A série, oferecida pela cerveja SOL, traz oito episódios (semanalmente aqui no UoD). Chegamos ao quinto episódio. Desta vez, sobre “Video mapping – Intervenções urbanas”. Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=G1SxvmoCUWM&index=5&list=PL_YWbfkPIp8A83H4DlujXTmmV3HioInXf

Uma das maiores revoluções que a paisagem da cidade de São Paulo enfrentou aconteceu em 2007, com a aprovação da lei Cidade Limpa por parte da prefeitura. Basicamente, o decreto proíbe a propaganda em outdoors na cidade e regula o tamanho dos letreiros e placas dos estabelecimentos comerciais. Na prática, o impacto da lei foi bastante perceptível. O município, que antes era tomado por anúncios publicitários dos mais variados tamanhos e cores, ganhou uniformidade e limpeza.

Desde então, a propaganda tem se reinventado e ganhado espaço na cidade através de novos formatos. É o caso dos anúncios em abrigos de ônibus e relógios de rua, por exemplo. Mais discretos, eles normalmente seguem um padrão e não interferem diretamente na paisagem urbana.

Ficou claro então que a população realmente rejeita a publicidade invadindo o espaço público – e, dentro de um cenário onde as pessoas que habitam as cidades estão cada vez mais assumindo as rédeas do que acontece no cotidiano das mesmas, isso deve ser levado em consideração.

A provável razão que explica porque as pessoas não gostam dos outdoors, além do mais óbvio – eles poluem e muito o visual da cidade – é o fato de que medidas adotadas de forma arbitrária, sem participação da população, são cada vez menos aceitas. Isto é: a sociedade, especialmente nas grandes cidades, entendeu que o espaço público é de todo mundo e, assim, passou a fazer parte dele, criando intervenções que julga necessárias e participando de todos os processos que dizem respeito ao cotidiano, uso e aparência do lugar que habitam.

É nessa cena que o video mapping, as projeções em espaços públicos, ganha cada vez mais força – e aprovação das pessoas. Alexis Anastasiou, da Visualfarm, entende que as projeções mapeadas na cidade são maneiras de ajudar nesse tão falado processo de democratização do espaço público. Lá atrás, nós rejeitamos a publicidade nas nossas ruas basicamente porque ela não tem nada a ver com o que queremos ver na nossa cidade. Então, que tal trocar os anúncios feios e bagunçados por intervenções artísticas?

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Para Renato Salles, do site Chicken or Pasta, as projeções são uma forma de repovoar a cidade através da arte. Quem conhece São Paulo sabe que aqui existe um histórico problema de ocupação – existem centenas de prédios e casas abandonados e nenhuma ação que defina os rumos desses lugares. Alexis afirma que essa intervenção do video mapping em áreas que normalmente estão abandonadas durante a noite é uma ferramenta de urbanismo – que já é, inclusive, usada em muitas cidades pelo mundo.

Tradicionalmente, a arquitetura é um setor autoritário, que não está “acostumado” a lidar com a participação democrática. Talvez por isso os prédios da cidade tragam em geral um padrão tão neoclássico, sem muitas variações de cor. A solução, depois que conhecemos as possibilidades tecnológicas do video mapping, fica clara: trazer mais luz e cor para esses lugares por meio das projeções de arte feitas por quem mora na cidade. A ideia é, assim, democratizar essa fachada.

Assim como a música, o cinema e o setor audiovisual como um todo, a arquitetura também precisa passar por uma revolução digital, ainda que tardia. É preciso explorar os caminhos que essa tecnologia digital permite e fazer com que cada vez mais os padrões da arquitetura saiam, literalmente, do quadrado. Dudão Melo, da Visualfarm, traduz: é trabalhar a cidade como matéria-prima, uma tela em branco.

Hoje, as projeções ainda acontecem pontualmente, em eventos culturais ou ações temporárias. Como a Virada Cultural, por exemplo. O objetivo é que, futuramente, elas se tornem permanentes e façam parte de verdade da paisagem de São Paulo. A arte digital na cidade é apenas o começo da transformação que pode desbravar a potência da cultura como ato social e político.

Assista também aos quatro primeiros episódios da série: “Da Rua para o Mundo”, “Ativismo urbano: as pessoas fazem a cidade”, “Lowsumerism” e “O novo business da música”.

Continue acompanhando o projeto “Share Your_____” pelo UoD.

Semana que vem tem mais.

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