Casting vs. Recrutamento

Sala lotada no hotel Hilton. Brasileiros em peso, certamente atraídos pela ilustre presença de Duane Bray, Global Head of Talent da IDEO. Foi o melhor painel em que estive até o momento no SXSW 2017, com muitas ideias legais e úteis sobre gestão de talentos inovadores. “You’re an ‘Innovator.’ Then What?” reuniu, além de Bray, Deborah Hankin, da SVPartners, Peggy Boustany, da Sid Lee, e Susan Cantor, da Red Peak – executivos de RH de empresas altamente inovadoras.

O começo girou em torno dos pontos que caracterizam os talentos inovadores e do que as empresas valorizam nas contratações desses talentos. Cantor comentou que se interessa pelos hobbies dos profissionais. Para ela, são pontos que realmente os motivam e que a junção dos trabalhos pessoais e dos trabalhos profissionais fazem com que os desempenhos, principalmente ligados à capacidade criativa, aumentem em muito. Já a IDEO, de acordo com Bray, tem uma abordagem mais pragmática, que valoriza skills, alinhamento com os valores e crenças e o propósito pessoal de cada um.

O ponto alto, no entanto, foi quando Bustany contou que a Sid Lee abandonou o processo de recrutamento como conhecemos e adotou algo similar ao casting, processo de escolha de elenco para um filme ou série de TV. Quando se depara com um talento inovador que admira e que pode agregar à empresa, destacou, o desafio do gestor é colocar esse profissional no lugar certo e estabelecer planos de carreira específicos para cada pessoa, sem nenhum padrão. É muito próximo do que se faz no cinema, comentou. As pessoas são diferentes, tem ambições e motivações distintas. Portanto, para reter talentos inovadores, a Sid Lee trabalha de forma individualizada, sem, inclusive, padrões hierárquicos para esses planos. É preciso desenvolver o script em conjunto, destacou. E com isso, o próprio job description deve ser co-criado, caso a caso. Dá trabalho, mas vale a pena, concluiu.

Já Cantor falou muito sobre a questão do feedback. Para ela, são poucas as empresas preparadas para receber esses profissionais inovadores. Os processos tradicionais de feedback são uma prova disso. Ela apoia o feedback constante e informal, rolando o tempo todo, em qualquer lugar. Assim, os inovadores se mantem com autonomia, mas na sua velocidade e nas direções que interessam ao negócio. A conversa vai se dando em tempo real. Mas não é simples. Dá trabalho. E na maioria das empresas os gerentes geralmente estão muito ocupados para esse tipo de coisa, completou Deborah Hankin, moderadora do painel.

Outro ponto muito interessante foi quando se falou sobre a questão das habilidades. Bray colocou que, se você precisa inovar em algo, é essencial encarar o problema a partir de outras habilidades. Por exemplo, um designer de embalagens dificilmente geraria grandes disrupções na sua própria área, enquanto um grande designer de moveis, empregando suas habilidades neste desafio diferente, poderia gerar soluções incríveis. A partir disso, Boustany comentou sobre como encara a questão do dominar alguma técnica. Para ela, a questão das 10 mil horas de prática é essencial e indiscutível. Mas não para que se pare naquilo ou continue se aprofundando depois de chegar lá. Pelo contrário. Para ela, chegar nas 10 mil horas significa que é hora de mudar o rumo e passar a buscar algo novo e diferente. Afinal, seguindo o raciocínio de Bray, precisamos dominar conhecimentos e técnicas completamente diferentes se queremos continuar resolvendo problemas de forma inovadora.

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