YouTube diz que não, mas quer ser mais Netflix

No ano passado, o YouTube lançou o YouTube Red: sua plataforma paga. Para o usuário comum, uma navegação sem publicidade. Para os mais apaixonados, conteúdos exclusivos produzidos em parceria entre a empresa e celebridades, ou youtubers famosos. Depois de pouco mais de um ano e alguns cases de sucesso, agora a empresa deve começar a pegar pesado no investimento, na divulgação e em uma estratégia robusta para tornar a opção atraente ao grande público.

Aqui em Cannes, eles realizaram nesta segunda-feira (19) o painel “The changing face of original content”, com Kevin Allocca, head de cultura e tendências; e Susan Daniels, head global de conteúdo original. A executiva jurou que o YouTube não pretende se tornar uma espécie de Netflix, mas seu próprio discurso indica o contrário. A base da nova estratégia é, vejam só: criação de séries exclusivas, desdobramento de conteúdos de sucesso em outras plataformas e maior exposição de personalidades globais (deles ou do “mundo real”). Soa familiar? :)

Quem já assina o serviço (não disponível em todos os países e basicamente com conteúdo na língua inglesa) conferiu, nos últimos meses, projetos relativamente interessantes de nomes como Ellen DeGeneres, Katy Perry e youtubers de sucesso – como os do canal Slow Mo Guys. Agora, mais nomes assim vão ganhar talk shows, reality shows e certamente uma boa bolada para ter seu talento, vida pessoal ou rede de relacionamento exploradas em troca não apenas de milhões de views, mas também de assinaturas mensais.

demi

Para anunciar o posicionamento, o YouTube trouxe a cantora Demi Lovato para a Riviera Francesa. A “diva teen” será tema de um documentário, “Demi Lovato: simplesmente complicada”, que deve ser fracionado em diversos capítulos e contará toda a incrível trajetória de seus 25 anos de vida. Justiça seja feita, Demi é uma ativista com razoável relevância em questões como empoderamento feminino, direitos LGBT e fome na África. Mas bastou ela começar a responder questões simples com voz e respostas infantis para esvaziar o Lumière Theatre, palco principal do Cannes Lions.

Talvez não seja tarefa fácil cobrar por conteúdo na internet – veja o exemplo dos jornais -, mas se alguém tem volume, qualidade, influência e dinheiro para fazer isso acontecer, é o YouTube. E num círculo vicioso, se a brincadeira der minimamente certo, cada vez mais produtores de sucesso e qualidade – sejam artistas, sejam especialistas – vão preferir ganhar por contratos milionários ao invés dos milésimos de centavos por visualização.

Na dúvida, é bom se preparar. Daqui dois ou três anos, talvez continue sendo gratuito assistir a gatinhos fofos na internet. Mas para assistir os gatinhos mais fofos do mundo, em 4K, você vai ter que colocar o cartão de crédito para funcionar…


snigted

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