“De canção em canção”: o caos das relações fantasiado de romance

Assisti hoje (quinta, 13), numa dessas cabines para jornalistas pré-lançamento, a “De canção em canção”, novo filme do diretor e roteirista Terrence Malick (“Além da linha vermelha”, “A árvore da vida”, entre outros). Pela sinopse, o trabalho mostra “Em Austin, no Texas, dois casais – os compositores Faye (Rooney Mara) e BV (Ryan Gosling), e o magnata da música (Michael Fassbender) com uma garçonete que ele ilude (Natalie Portman) – perseguindo o sucesso através de uma paisagem de rock ‘n’ roll, sedução e traição”. Mas sério. Esqueça essa descrição.

Não sei se é proposital, mas o nome do filme e o cartaz enganam muito. Soam como um romance convencional, com musiquinha e tal. E está longe disso. “De canção em canção” é uma espécie de “Closer” caótico, com linguagem tão fora do tradicional que demora para deixar o espectador acostumado. Câmera na mão acompanhando e perdendo personagens, grandes angulares, falas dessincronizadas com as imagens e, apesar de mostrar uma história linear, não segue uma lógica padrão de cortes e transições.

 

CartazDeCancaoemCancao

 

Passado o processo quase cansativo de entendimento do formato – eu cogitei desistir até os 25, 30 minutos –, o filme mostra seu valor. Sem resgates de passado ou grandes aprofundamentos, ele explora de um jeito intenso todos os tipos possíveis de relações entre os personagens: amorosas, sociais, sexuais, de amizade, familiares, de conflito. E com isso, destaca o enorme potencial humano de complicá-las. E que nem todos estão preparados para essa brincadeira chamada “vida”.

O elenco é incrível: além dos citados lá em cima, aparecem do nada nomes como Cate Blanchett, Val Kilmer e Bérénice Marlohe. E apesar de trazer poucas músicas – falei que o título engana? – e trilha quase toda original, os fãs do rock têm a chance de ver, vivendo eles mesmos, pequenas aparições de nomes como Iggy Pop, Patti Smith e a galera do Red Hot Chilli Peppers.

É o tipo de filme que muita gente vai odiar. Os românticos, certamente. Mas no final, funciona muito bem como retrato de comportamentos que, apesar de teoricamente mais ligados à classe artística e à high society, não estão tão longe, dadas as proporções, de muitos que nos cercam – tirando a parte dos ménages. :)

A estreia nos cinemas do Brasil está marcada para 20 de julho. E para terminar, um pequeno e inofensivo spoiler: tem muito menos Natalie Portman do que você vai esperar. Mas Rooney Mara faz valer o ingresso.

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