Littlefinger: o cara em Game of Thrones

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Mindinho. Littlefinger. The sneaky guy.

Petyr Baelish é um dos meus personagens favorites em Game of Thrones. Sempre foi. Desde antes da série estrear eu já adorava esse cara nos livros, mesmo sem termos capítulos que mostrassem o seu Ponto de Vista dos acontecimentos.

Eu sei, eu sei. Ele é um cretino, egoísta, manipulador e totalmente reprovável como ser-humano. Porém, de uma perspectiva da história, ele talvez seja o personagem mais importante de toda a saga. E eu vou explicar o porquê.

Mindinho é um dos homens mais perigosos de Westeros
– Lord Varys

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Mas quem é Mindinho?

Petyr Baelish não era um nobre. Pelo menos não um de relevância. Ele veio da região de Westeros conhecida como “Os Dedos” e, por ter sempre sido muito franzino, o apelido de Mindinho coube perfeitamente.

Na adolescência ele foi um amigo e um apaixonado por Catlyn Stark (e ela permanece como sua maior fraqueza). Naquela época, a série dá a entender que ele ainda não tinha a essência maldosa que nos acostumamos a ver. Ele chegou até mesmo a tomar certas atitudes honrosas… e pagou caro por elas.

Veja, Catlyn estava prometida em casamento para Brandon Stark, um guerreiro mais velho, nobre e experiente, mesmo sem jamais ter convivido com o cara. Quando Brandon foi buscar sua noiva, Mindinho o desafiou para um duelo em nome do amor.

Claro que a derrota foi acachapante e ele só escapou da morte porque Catlyn intercedeu. Aquele momento definiria o resto da existência de Mindinho.

Sem Catlyn – que acabou casando com o irmão mais novo de Brandon por causa da morte deste nas mãos do Rei Louco -, Mindinho compreendeu o jeito como as coisas funcionavam no mundo. Ele entendeu que existem alguns poucos privilegiados que seguem reinando do alto enquanto a grande maioria dos homens e mulheres estão lá para servi-los. E, naquele mundo, era inútil tentar vencer os privilegiados, ao menos dentro do jogo deles.

O que Mindinho fez então? Ele começou outro jogo.

Eu não vou lutar contra eles. Eu vou fodê-los.
– Petyr Baelish, o Mindinho

O caos é uma escada

tumblr npjabfaySV1trd5i3o1 1280 193Sabendo que ele era inferior a nobres e cavaleiros, tendo perfeita noção de que ele nem mesmo era fisicamente apto a subir na hierarquia do poder, Mindinho passou a trabalhar nas sombras para aumentar sua influência usando a única coisa que possuía: astúcia.

Aos poucos e com muito cuidado, ele passou a mover as peças daquele enorme tabuleiro para criar situações cada vez mais caóticas e problemáticas. Hoje sabemos que foi ele quem iniciou a própria Guerra dos Tronos, ao ser o cabeça por trás da morte de Jon Arryn (antiga mão do Rei Robert) e culpar os Lannisters pelo feito.

Mas por que ele faz isso?

Porque quando o caos cresce o suficiente, quando as pessoas estão desesperadas o bastante, elas se voltam para qualquer um que possa resolver seus problemas. Qualquer um. Mesmo que essa pessoa seja alguém sem posses, títulos de nobreza ou linhagem de importância.

Ao fomentar problemas complexos e depois se apresentar como solucionador desses mesmos problemas, Mindinho pôde ganhar a confiança e o respeito dos abastados senhores do mundo e escalar a escada do poder. E quanto mais alto ele chegava, maiores eram os problemas que conseguia causar, e mais necessário ele ficava, e mais poder conquistava.

Ele mesmo explica isso muito bem em uma das melhores falas da série:

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E por que ele é o jogador mais importante de Game of Thrones?

Nós nos acostumamos a vibrar quando ouvimos Daenerys – the breaker of chains… – dizer que vai destruir a roda e criar um novo mundo. A afirmação fica especialmente marcante com dragões cuspidores de fogo ao fundo. Só tem um probleminha: Daenerys faz parte da roda.

Como ela mesmo adora dizer, ela é do sangue do dragão, uma Targaryen, a verdadeira herdeira do trono. Ela vem de uma linhagem nobre que se perpetuou no poder por séculos até a Rebelião de Robert colocar outros nobres no lugar.

De todos os jogadores em Game of Thrones, Mindinho é o único que pode destruir as antigas estruturas de verdade.

Ele é um homem de baixo nascimento, que não herdou nada, que precisou construir sua ascensão por meio do próprio esforço e inteligência. Ele não representa a nobreza. Na verdade ele a detesta (talvez por isso seja tão bom nos jogos que faz). Se ele conseguir subir ao trono, será o fim de um sistema baseado em castas e o início de uma nova era.

Sim. Ele continua sendo um cretino imoral capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer e eu não o teria em minha roda de amigos. Mas, de uma perspectiva histórica, a sua vitória seria muito mais importante e benéfica a longo prazo do que reconstruir velhas hierarquias.

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Simbolicamente, Mindinho é o cara.

Infelizmente não vejo a possibilidade de algo assim acontecer – nem na série de TV, nem nos livros. Quando nos envolvemos com uma boa obra de ficção, nós nos conectamos aos personagens com quem mais nos identificamos. E essa identificação é especialmente gerada ao testemunharmos os personagens passarem por adversidades e como eles agem para superar essas adversidades. Quando eles agem de forma moral, por mais difícil que seja a situação, nós passamos a torcer por eles (alô, Jon Snow). Fazemos isso pois gostamos de pensar que faríamos a mesma coisa no lugar deles.

Mindinho não segue essa lógica. Sua inteligência é admirável, mas, como pessoa, ele é reprovável. Ele reflete um aspecto da humanidade que, embora sempre tenha nos acompanhado, gostamos de fazer de conta que não existe.

Me parece que o tempo de Mindinho está acabando. É chegada a hora de dizer adeus ao personagem. Seja como for, amando-o ou odiando-o (ou um pouco dos dois), é inegável o fato de que ele foi uma das melhores coisas que Game of Thrones nos trouxe.

Não lute no Norte ou no Sul. Lute todas as batalhas, em todos os lugares, sempre, na sua mente.
– Mindinho

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