Tudo Errado

Com o que você gasta o seu tempo nesse espaço que chamamos de vida?

Há quem gaste dentro de escritórios, de um lado a outro no metrô, no tráfico, dentro de roupas engravatadas, em cima de saltos altos. Ou quem sabe praticando algum esporte, treinando para algum torneio, moldando o corpo para o próximo verão. Há quem também viva de férias, ou quem acabou por viver nas ruas, dormindo onde encontre um pedaço de chão.

Se olho para fora de minha janela vejo outras igual a minha e tento imaginar como é a realidade de quem está ali dentro. Ainda não que eu não viva no Brasil, posso lhe garantir que a vida é a mesma em qualquer canto do mundo: estamos todos buscando por um propósito. Por uma luz que nos dê sentido. Algo que vá além de nossa curta existência.

Há quem chame de coragem os destemidos, eu, no entanto, compactuo da opinião de Raphael Erichsen, um brasileiro que percorreu em 2012 a maior aventura de sua vida: 16 mil quilômetros em um carro de Londres até a Mongólia, em um torneio chamado Rali Mongol.

Para ele, como para mim, corajoso é aquele que decide viver a vida.

Engraçado que essas epifanias surgem depois que algo desastroso acontece. Pode reparar, sempre depois de algo muito doloroso, as pessoas decidem sair de seus casulos e enfim viver o que até então haviam escondido embaixo do tapete.

Percorrer muitos quilômetros dentro de um carro pode parecer uma loucura para uns, mas para quem experimenta é um divisor de águas que ensina como há inúmeras e intensas possibilidades nessa vida. Encarar uma aventura desse tipo é permitir estar em frente de seus próprios medos, e resisti-los.

É também perceber que o tempo corre diferente em diferentes lugares no mundo e que a comunicação pode ser feita ainda que você não fale uma palavra do idioma do outro. Há muita boa vontade por aí. Existe muita gente disposta a ir contigo; te pegar na mão e mostrar o caminho.

Enquanto lia as páginas de “Tudo Errado”, o livro em que Raphael narra essa experiência fantástica, me vi nele muitas vezes: presa em medos, mas liberta pela vontade de viver a vida.

A mensagem que mais me tocou e que me arrancou lágrimas dentro do quente metrô da Cidade do México é que a vida é rápida. Passa como um piscar de olhos. E só o que fica são as lembranças, os momentos que nos fizeram rir ou aqueles que nos fizerem crescer, pouca coisa importa mais que os sorrisos que trocamos com as pessoas ou o aprendizando que temos com elas.

A vida corre. E cada um tempo seu próprio tempo, assim como cada lugar também tem. Há que entender o tempo do outro. Não pensar tanto. Não calcular demais. Há um montão de opções e o mundo é farto para todos. O universo é abundante. Há que pegar as malas, deixar o que não serve para atrás e percorrer o globo terrestre de carro, a pé, ou simplesmente com o coração. Sempre há uma nova estrada. Sempre há um novo atalho. Sempre há o que descobrir. Não podemos ficar parados.

Ao Raphael deixo aqui meus cumprimentos por me levar junto nessa viagem maluca de descobertas internas e externas, afinal os livros têm esse poder: podemos viajar na viagem do outro sem sair de casa. Pensando assim, apenas concluo que a vida é mesmo maravilhosa. Te vejo na estrada! :)

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