Spotify Talks: Exportação da música nacional

Como foi

Do Brasil para o mundo!

Ontem aconteceu mais uma edição do Spotify Talks, evento que reúne artistas e profissionais da indústria musical para conversar sobre novos caminhos e tendências do meio, assim como falar sobre experiências e estratégias comerciais.
O tema da discussão foi a exportação da música nacional e, mediada por Marcos Passarini, contou com os artistas Alok, Alexandre Pires e Emmily Barreto (integrante da banda Far From Alaska), todos com trajetórias percorridas em outros países. A questão da noite foi como a conectividade, o streaming e as plataformas digitais, que temos literalmente na palma das mãos, servem como impulso para deslanchar carreiras artísticas fora do país.

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Alok, atuando como DJ desde sua adolescência, viveu uma experiência profissional um pouco inversa do que a maioria dos músicos brasileiros. O reconhecimento nacional veio depois que sua música já estava sólida em países da Europa e Estados Unidos. Seu principal hit ‘Hear me now’ seguiu esse mesmo caminho. A repercussão, inicialmente, atingiu números significativos no exterior e, por meio do Spotify, começou a percorrer solo brasileiro, até entrar, de maneira orgânica, nas rádios daqui. A convidada Emmily Barreto foi uma das pessoas que conheceu o artista usando o Shazam, em um passeio de carro com o rádio ligado, lá no Rio Grande do Norte. Hoje a música já tem mais de 260 milhões de plays no Spotify.

A banda de rock Far From Alaska desde o começo cantou suas músicas em inglês. A cantora Emmily disse que o idioma contribuiu muito para se aproximar do público internacional – mas, claro, sem tornar isso uma fórmula para o sucesso. “Todo dia a gente está em uma playlist nova de um país diferente. É surreal. Por influência do que a gente sempre ouviu, desde o início a gente canta em inglês e isso abriu várias portas.” O Sepultura, focando suas letras também na língua inglesa, é a principal referência de artistas brasileiros com carreira internacional. Como ouvi por aí, “Pelé no futebol. Sepultura na música.”

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Mas após a internacionalização da Bossa Nova até Michel Teló, muitos são os novos ares, seja na questão musical e artística, como na forma de distribuição do conteúdo. Alexandre Pires, que iniciou sua carreira ainda nos anos 90, percebe fortemente os novos jeitos de fazer e compartilhar suas canções e álbuns. Após alguns anos afastado do meio, retorna com o lançamento do ‘DNA Musical’ e conta: “Estou retornando em um campo minado de novidades e estou aprendendo. Nós vamos seguir uma estratégia voltada totalmente para o digital. Em alguns países, talvez a gente nem lance o produto físico. Mas o México e a Colômbia, por exemplo, são países que ainda consomem dessa forma. Então é preciso observar, tem lugares que continuam com essa questão, mas o digital está sempre à frente.”

Em 2003, ganhou o prêmio de Artista do Ano pela Billboard Latin Music Awards e no mesmo ano foi convidado para fazer uma apresentação no evento Orgulho Hispânico, realizado na Casa Branca, em Washington D.C. De última hora, abriu mão espontaneamente de cantar uma música em espanhol de sua autoria e optou pelo clássico brasileiro de Toquinho e Vinícius de Moraes, Garota de Ipanema. Foi aplaudido de pé e recebeu os cumprimentos do presidente Bush.

“O Brasil tem uma certa carência de representatividade internacional, isso em qualquer aspecto, não só na música. Quando consigo expor que estou representando o Brasil no exterior, isso gera uma resposta muito boa aqui. E o pessoal lá de fora também respeita bastante os artistas brasileiros, muito ainda porque, infelizmente, poucos conseguem ocupar esse espaço”, comenta Alok. Mas paira uma questão unânime entre os artistas: o público brasileiro ainda depende, muitas vezes, do reconhecimento internacional para então notar e valorizar as bandas e músicos nacionais.

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Após contar como conheceu Mick Jagger (história que envolve cabras e lhamas e que você pode conferir com mais detalhes na gravação da conversa) e gravar um remix de Gotta Get a Grip a pedido do músico, Alok observou que a falta de posicionamento nas plataformas digitais interferiu bastante no alcance do lançamento. A autoria sendo de Mick Jagger fez também com que o DJ perdesse bastante autonomia para divulgar e tocar a música em festivais de destaque e grandes proporções. Alok percebe o retorno significativo de seu investimento em plataformas de referência como o Spotify, e por isso, preza por sempre se concentrar nessa estratégia comercial.

“O Brasil é um país gigante e cada região tem sua cultura, sua onda musical, o que não acontece em outros países. Então, esse momento instantâneo pode colaborar com os artistas, principalmente os novos que estão surgindo no cenário. É importantíssimo que a gente leve nossa música e nossa cultura para outros lugares.” (Alexandre Pires)

Encerramos mais um Spotify Talks com o frescor das ideias, da tecnologia e dos meios que impulsionam os novos caminhos da indústria musical. Que a conectividade continue possibilitando que artistas e diferentes públicos explorem outros solos e ares, e discussões como essa levantem a importância do reconhecimento de nossos músicos nacionais.

Para assistir a live completa: Facebook.
Até o próximo #SpotifyTalks

Captação e edição: Melina Kato
Entrevistas: Helena Villar
Foto em destaque: Melina Kato
Fotos: Leonardo Sang
Direção: Gustavo Giglio
Uma produção Update or Die

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