Gosto e acho extremamente importante toda essa conversa sobre Fake News (foi até pauta no Fantástico recentemente, né?).
Crie você mesmo a sua própria teoria da conspiração; invente a notícia que quiser, sem nenhum compromisso com a realidade: a espinha dorsal das fake news é também o antídoto contra si. Por mais excêntrica que seja esta teoria, sua aplicação prática foi um sucesso: um jogo lançado há pouco pela Universidade de Cambridge se mostrou eficaz combatendo as notícias falsas usando a própria mentira.
Disponível na página fakenewsgame.org, o jogo foi desenvolvido por pesquisadores da universidade com a colaboração do grupo de jornalistas holandeses DROG. A proposta é incitar o usuário a criar um meio de comunicação inverídico, com o objetivo de disseminar fake news e ganhar maior tração e audiência na internet.
Para melhor disputarem a competição, os jogadores podem recorrer a um exército de contas falsas na rede, além de manipular imagens e difundir artigos pouco confiáveis – vale tudo para atrair o público.
De acordo com Sander van del Linden, um dos acadêmicos de Cambridge envolvidos na criação do game, a lógica por trás de sua eficácia é simples: se você sabe como se sente e como pensa uma pessoa que tenta enganar os demais com notícias falsas, sua sensibilidade para detectar mentiras é potencializada. Trocando em miúdos, o professor acredita que, se você sabe como funciona a cabeça de um mentiroso, maiores são as chances de você desmascarar inverdades quando se deparar com uma. Já reparou?
Tamanha confiança tem respaldo na amostragem prática do game: um grupo de 100 adolescentes holandeses, estudantes do ensino médio, se mostrou mais resistente às fake news depois que vivenciaram na pele seu mecanismo de difusão.
Mais uma vez, a teoria da inoculação se mostra certeira – a exposição de um indivíduo à uma dose mais fraca de um mal pode ser o começo da cura. Tipo uma vacina, e tão urgente quanto uma.