Sob uma avalanche de aplausos e flashes de smartphones e câmeras, o senador Bernie Sanders – que quase disputou a presidência dos Estados Unidos – estreou no palco do SXSW.
Dividindo o palco com o jornalista da CNN Jake Trapper, o político mais amado da web aproveitou os holofotes para chamar atenção para assuntos que, segundo ele, não ganham a merecida atenção da mídia de massa, e então elencou uma lista de dilemas sociais e políticos que “levam a classe média ao colapso e empurram o país rumo à oligarquia” – um de seus pensamentos mais reproduzidos.
Sanders e Trappers ainda debateram sobre a questão da posse de armas em território americano e, claro, sobre imigração – assuntos frequentes na pasta da administração de Donald Trump.
Enquanto isso, no Fairmont Manchester EFG, outras polêmicas subiram ao palco com os “nerds” Niko Acuña, da Sizmek; Louis Rosenberg, da Unanimous Ai; a neurocientista Vivienne Ming e o físico Sean Carroll.
Num bate-papo cheio de termos teóricos e um bocado difícil de acompanhar, os gênios colocaram em pratos claros o que pensam sobre a inteligência artificial, focando, principalmente, o que essa nova tecnologia revela sobre os padrões dos nossos cérebros.
Ainda no ambiente virtual, o SXSW foi palanque para o painel “Why Ethereum is Going to Change the World”, onde a editora da Forbes, Laura Shin, entrevistou Joseph Lubin, co-fundador da Etherum – que, para quem não sabe, é uma espécie de evolução do bitcoin; é uma forma mais complexa e completa de blockchain.
“É uma nova maneira de arquitetar e entregar aplicações. Em vez de uma arquitetura cliente-servidor, onde você tem uma única empresa, digamos o Google ou o Facebook, dominando um monte de servidores para fornecer serviços, esse novo sistema de aplicação tem tudo na rede Ethereum. Todos eles são efetivamente o backend para uma aplicação, de forma que ninguém está controlando as coisas de maneira excessiva”, explicou Lubin.
Pelo valor do mercado, o token Ethereum é agora a segunda maior criptografia do mundo, mesmo não sendo uma nova forma de dinheiro.
Quem explica melhor é Chris Castiglione, professor adjunto da Universidade de Columbia, que ministra um curso sobre alfabetização digital: “o bitcoin está competindo contra o dinheiro existente para substituí-lo por uma moeda verdadeiramente digital. Ethereum é um ‘token’. O que Bitcoin faz apenas por dinheiro, Ethereum faz para tudo”, pontua.
Para fins de comparação, vale lembrar que uma das áreas onde o Etherum é muito bem aplicado e explorado é na proteção de direitos autorais.
A Kodak, por exemplo, lançou uma plataforma de direitos de imagem em janeiro chamada KodakOne, toda baseada em Ethereum blockchain. Uma plataforma similar é o Ujo Music, um mercado de direitos musicais baseado em Ethereum.
Nessas plataformas, os artistas podem fazer o upload e comercializar seu trabalho com uma política de usuário personalizada através de um sistema de “documento ao vivo”, chamado lei aberta, parte da infraestrutura Ethereum. Os artistas podem vender direitos de licenciamento e outros direitos aos membros na mesma plataforma e receber o pagamento sob a forma de tokens digitais.
“Ao contrário da indústria da música tradicional, que usa advogados e investe fortunas em direitos autorais, esta nova arquitetura de blockchain permite que os criadores de conteúdo acessem mais diretamente suas bases de fãs”, disse Lubin.
Ethereum blockchain ainda é algo que desafia o entendimento de muita gente, inclusive o nosso, mas sua proposta de “abocanhar” um ecossistema por completo é algo que deve ser avaliado constantemente. Com o tempo, a popularização desses termos e do funcionamento do blockchain vai tornar todo esse segmento acessível a população em geral. Enquanto isso não acontece, seguimos com os ouvidos atentos a palestras como essa, que rolam só no SXSW.
Este post faz arte da cobertura oficial do SXSW 2018 pelo Update or Die, diretamente de Austin, no Texas. Não deixe de conferir os outros posts com o melhor do festival na nossa página exclusiva do festival clicando aqui.
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