Solução de problemas complexos, pensamento crítico e criatividade. Essas são as habilidades que encabeçam a lista das 10 mais importantes para o ano de 2020. Se você der uma lida no conjunto proposto pelo Fórum Econômico Mundial, verá que todas as habilidades estão, de uma forma íntima, ligadas a questões emocionais. As emoções (o cérebro) serão o personagem principal nesse novo cenário que se abre, em um mundo digital que exige pessoas capazes de improvisar, superando a capacidade das máquinas de executar atividades repetitivas. Só para constar, o item criatividade era o décimo na lista de 2015.
Lembro de mim, no início dos anos 90, quando consegui uma vaga como digitador. Sim, pessoas eram contratadas para inserir informações em computadores. Eu já era apaixonado por informática, desde 1985, quando conheci um computador pela primeira vez. Era um CP500. Um monstro, de todas as formas possíveis. Me apaixonei instantaneamente. Desde então, não sosseguei até conseguir uma oportunidade na área. Uma semana digitando dados já tinha me tirado do sério. Afinal, um TDA-H turbinado como eu não aguentaria atividades repetitivas por tanto tempo.
Daí, talvez você tenha imaginado: ele se demitiu. Não! Mas, encontrei um livro de programação em D-Base (um jurássico, mas divertido código). Meus dias como digitador foram mais breves que imaginava. Era só o patrão sair que eu largava tudo para entrar naquele novo mundo que eu tinha descoberto. Claro, o trabalho como digitador ficou todo atrasado, e fui descoberto com a boca na botija. Minha sorte foi que os programas que criei eram melhores que os dele. Resultado: promoção imediata.
Em um ano, de digitador meia boca a empreendedor, abrindo o meu próprio negócio; com clientes, funcionários e novos alunos dispostos a aprender as novidades do mundo digital. “Quando a água fica estagnada, torna-se venenosa”, diz o empreendedor Vishen Lakhiani, em seu livro O código da mente extraordinária. Solução de problemas complexos, pensamento crítico e criatividade são o resumo básico da essência humana. Pedir isso em um currículo, hoje em dia, para qualquer homo sapiens moderno soaria estranho. Mas, infelizmente não é. As máquinas deixaram a maioria de nós confortavelmente anestesiados. E, hoje, como todos podem ver, IA’s já estão dando entrevistas e nos oferecendo ofertas de compras, baseados em nosso comportamento digital. Admirável mundo novo.
Em seu livro Inevitável, Kevin Kelly diz que no futuro “o mundo fluirá”. Não teremos datas marcadas para as coisas acontecerem. Elas vão simplesmente acontecer. E serão necessárias mentes capazes de processar esse novíssimo volume de dados. Reconfigurar em pleno voo. Capazes de, ao mesmo tempo que curte o espanto de uma novidade, também sacar sua prancha e surfar sobre ondas cada vez maiores. Estão nos pedindo mais criatividade, para não perdermos nossos empregos e oportunidade de negócios. Estão pedindo para sermos naturalmente humanos. Serão atendidos? Sinceramente, não sei. As novas ondas nos tornam cada vez mais digitais. Talvez o segredo esteja no possível híbrido humano-máquina. Talvez as máquinas nos olhem do futuro como olhamos, hoje, para os dinossauros! Talvez… Talvez…
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