PANCs e o que elas nos ensinam sobre hábitos de consumo

Um apartamento na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde mora com sua família e o cachorro, foi o espaço que Maria Mazzarollo precisou para abrigar mais de 180 espécies de plantas.

Um apartamento na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde mora com sua família e o cachorro, é o espaço que a engenharia química e consultora, Maria Mazzarello, precisou para abrigar mais de 180 espécies de plantas entre frutíferas e não frutíferas. Todas convivem harmonicamente com a paisagem urbana, a temperatura e o Sol da capital carioca. As espécies são alimentadas por adubo orgânico, produzido pela compostagem natural feita por minhocas conservada pela família. A motivação? Uma alimentação mais equilibrada, além da memória afetiva dos sabores da sua infância, vivida em uma fazenda de cacau na Bahia. Esta é a Mini Fazenda Urbana, que de tão diversa acabou se tornando uma experiência recomendada pelo Airbnb, no Rio.

Entre as espécies cultivadas estão queridinhas como morango, mamão, manga (sim, Maria tem um pé de quase três metros no apartamento), além de legumes e hortaliças. Entretanto, o que chama a atenção são as espécies que não são vendidas em feiras e supermercados e por isso, desconhecemos, as chamadas plantas alimentícias não convencionais, as “PANCs”. Nomes como Ora-pro-nóbis, berdoega, caruru, maxixe, nada mais são do que folhas, mato e outros da família dos verdes, e que além de nutrir, segundo Maria são deliciosos para saborear em um caldo ou uma salada, por exemplo.

“Algumas espécies sempre existiram Brasil e outras vieram juntas com os negros escravizados que trouxeram sementes, mas pela dificuldade de transporte ou pelo fato de que não foram modificadas geneticamente, e por isso, sobrevivem pouco tempo quando arrancadas da terra, elas deixaram de ser comercializadas e portanto, cultivadas”, disse Maria.

Por este motivo, mais do que ensinar a experimentar e ingerir as PANCs e outras espécies, a ideia por trás da experiência é conscientizar as pessoas sobre a maneira como vivem e consomem, e como isso pode afetar dramaticamente o equilíbrio ambiental. “Uma das coisas que gosto de mostrar aos visitantes que quanto mais elas dizem não para um alimento, pronunciando ou chancelando que determinado alimento é ruim e nem ao menos tentam experimentar, esse alimento vai deixando de existir, porque os supermercados e os feirantes deixam de vender, consequentemente a produção acaba. Por mais simples que possa parecer, o estilo de vida das pessoas interfere no meio ambiente”, explica Maria.

Mesmo desequilíbrio que é causado quando escolhemos sempre as mesmas frutas, verduras e legumes em supermercados e feiras. Comercializar um alimento que está fora da época significa que ele não cresceu de forma natural, portanto com agrotóxicos. Para saber qual é uma fruta da época, basta calcular o preço. As mais caras, geralmente não são as da estação. A dica é comprar as mais baratas. “Não estamos falando sobre morar nas cavernas, mas aos poucos as pessoas têm que começar a fazer escolhas, tentar experimentar outras sabores para que não faltem nutrientes no seu organismo e cheguem ao ponto de utilizar suplementos”, destaca.

Também é claro que Maria não está incentivando que as pessoas simplesmente arranquem mato da rua. Os locais para a produção devem ser adequados, cuidados e assistidos, o que Maria quer, é mostrar que é possível cultivar alimentos em pequenos espaços. E mesmo para os que não podem, voltamos ao ponto sobre fazer escolhas. “O ser humano é o único animal que olha a natureza e se coloca à parte dela, isso precisa mudar. Fazemos parte de um mesmo ecossistema”, reflete Maria.

Para conhecer mais sobre o projeto acesse as páginas da Urbana Fazenda no Facebook e no Instagram.

 

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