Calma, não me entenda mal. Não estou dizendo que falta “brand” na Páscoa. Longe disso, são centenas e centenas de tudo quanto é tipo de marcas e produtos. Eu, que tenho quase 2m de altura, simplesmente não consigo entrar em um supermercado nessa época. Estou me referindo ao “branding” da data em sí.
Enquanto o Natal tem um padrão já bastante assimilado pela nossa querida cultura do consumo (o Papai Noel gordo de barba branca, a roupa vermelha e branca, as renas, a árvore, os enfeites, etc) a Páscoa ainda parece carecer de uma certa padronização.
OK, temos o coelho e os ovos. Mas tanto um quanto o outro aparecem por aí sem muito critério.
O Coelho
Deve ter alguma coisa de mágico nas proporções dos coelhos que os tornam impossíveis de serem retratados. Fantasias e desenhos de coelhos estão entre as maiores aberrações da história da arte (junto com a Turma da Mônica em muros de escolinhas). Artistas de todos as épocas e lugares são acometidos de uma confusão mental e estética e não sabem se colocam o coelho sobre duas ou quatros patas, o grau de antropomorfismo que vão imprimir nas artes, as orelhas que ficam sempre esquisitas nas fantasias, as feições, a personalidade. Compare novamente com a figura do papai Noel e vai concordar comigo que o coelho ainda está anos-luz de ter um perfil bem definido enquanto personagem. O coelho da Páscoa ainda é um cara misterioso para a humanidade. Sei lá, o coelho é bonitinho, mas não sei não, o cara é meio estranho.
Os Ovos
De cara essa confusão do coelho e os ovos. São gerações e gerações de crianças que crescem achando que coelhos são, em um primeira interpretação, ovíparos. Depois elas crescem um pouco e começam a achar que os coelhos são ladrões de ovos, como as cobras. E, finalmente, o fenômeno do “Ovo de Páscoa de Goiabada”, que mostra onde a loucura da expansão de linha pode chegar para disputar um pouco do din-din que as pessoas ficam dispostas a distribuir nessa data.
E o lado triste de verdade
Acabei de ler essa matéria na Revista Super Interessante (Os Verdadeiros Coelhinhos da Páscoa) e acho que você deveria ler também. Resumindo, mais da metade de todo o chocolate do mundo (cabe aqui uma pausa para você imaginar esse volume) vem de mão de obra escrva ou semi-escrva, de crianças da Africa. Tipo, famílias que “vendem” o trabalho de meninos e meninas de 8 anos or 300 dólares por ano e acabam coma infância e a saúde de milhares de crianças. Isso, simplesmente, deveria ser inimaginável pelo tamanho dessa indústria.
Enfim, o simbolismo da Páscoa em algumas religiões, de renovação, de recomeço… é realmente um dos mais bonitos e dos mais simbólicos. Esse post não tem nenhuma crítica a data especificamente nem aos rituais que celebram este momento, mas sim o lado mais bizarro do consumismo que, nvariavelmente se apodera (ou cria do zero mesmo) de toda e qualquer oportunidade no calendário.
Uma Feliz Páscoa para você e sua família, com renovaçnao, sempre. Afinal, Update or Die ;)