Paternidade Helicóptero

Termo é de 1968 mas a prática da supervisão excessiva dos pais nunca foi tão presente quanto agora.

heli
Excesso de supervisão

“Paternidade Helicóptero” é aquela em que pais e mães ficam o tempo todo supervisionando a vida de seus filhos, como helicópteros de trânsito vigiando motoristas o dia inteiro.

O termo não é novo, surgiu lá em 1968, quando um menino em um grupo de pesquisa comentou que sua mãe ficava “em cima o tempo todo, como um helicóptero”. A analogia foi tão apropriada que começou a circular entre psicólogos e pesquisadores da época. Mas foi nos anos 2000 que a paternidade helicóptero foi de fato consagrada, especialmente nas salinhas dos orientadores das escolas.

Pais pilotos em escolas

Foram os orientadores das escolas os primeiros a perceberem um movimento crescente de pais questionando sobre as notas dos filhos, um dos primeiros indicadores de uma inversão de responsabilidades.

Pais começaram a cobrar das escolas o que antes era cobrado dos filhos. E mais: “Por que o professor considerou errada esta resposta do meu filho na prova?”

Treinadores de esportes também começaram a reportar comportamento semelhante, com questionamentos sobre decisões de juizes durante as partidas, substituições de atletas, etc. “Por que meu filho ficou no banco?”

Pais pilotos com celulares

Com a chegada dos celulares a coisa piorou de vez e surgiu um outro termo que também adoro, que classifica os aparelhos como “os cordões umbilicais mais longos do mundo”.

Enfim, “paternidade helicóptero” é sobre querer viver a vida dos filhos, o que conceitualmente até pode soar bem mas que invariavelmente acaba passando do ponto e atrapalhando o desenvolvimento individual e autônomo dos pequenos.

Você é piloto de helicóptero? Não faz, apenas aterrize

Se você se reconheceu como um pai ou uma mãe piloto de helicóptero, não se sinta mal. Todos somos, em menor ou maior grau. Pais costumam errar muito, tentando acertar muito. Mas tudo em excesso faz mal, até amor.

É importante reconhecer que esse helicóptero decola com facilidade e que é muito fácil cair na armadilha de achar que viver e administrar todo e qualquer pormenor da vida dos filhos é sinônimo de paternidade participativa, engajada. Sem dúvida, é. Mas também é muito fácil ultrapassar o limite da individualidade de cada criança, de cada adolescente.

Educar é ensinar, é dar autonomia e não usar filhos como extensões de nossas próprias vidas ou de nossas próprias ambições (não alcançadas?). É muita covardia e sacanagem projetar questões nossas, nos filhos.

Por exemplo, a autora Madeline Levine escreve bastante sobre a paternidade helicóptero e ela comenta que é comum ver pais que são “hiper-presentes” fisicamente mas emocionalmente ausentes. A presença dá a falsa sensação de uma educação feita de perto, mas muitas vezes falta uma leitura mais ampla dessa relação.

Filhos não são propriedades dos pais. São emprestados pela vida por um tempo. É, com certeza, a história dos pais que são arcos e filhos que são flechas. Você não é o seu filho e ele não é você.

Deixo você com esse videos sobre o tema e que vale ser assistido com atenção.

A paternidade helicóptero está destruindo toda uma geração?

“Inicialmente, a paternidade helicóptero parece funcionar” diz Julie Lythcott-Haims, autora do livro “Como Criar Um Adulto“. “Como criança, você é mantido em segurança, recebe direcionamento e pode até conseguir uma nota melhor na escola porque os seus pais argumentaram com o professor”. Mas no fim das contas, os pais acabam obstruindo o caminho dos seus filhos. No video acima, Julie Lythcott-Haims explica como a paternidade helicóptero inibe o desenvolvimento e o domínio de ferramentas e habilidades para seus filhos transitarem pelo mundo.

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