A vida pós-Singularity

O que os brasileiros estão fazendo depois de frequentar a tecnologilândia futurista mais famosa do mundo

moonshotEssa ideia de moonshot thinkers foi popularizada pela galera da Singularity University: projetos que tenham o poder de impactar 1 bilhão de pessoas no planeta. Apesar de falarem de abundância, é a escassez que tornou a universidade o frisson que é: ou pelo rígido processo seletivo do Global Solutions Program, ou pela grana necessária para cursar o executive.

Mas afinal, o que os brasileiros estão fazendo? Escolhemos três brasileiros bem sucedidos nas suas áreas de atuação, que apresentaram no Singularity Summit Brazil 2018,  para apresentar como alavancaram seus projetos:

Fábio Teixeira e o seu Hypercubes: barateando satélites em prol do planeta

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O Fábio, sem dúvidas, é mais um dos projetos mais ambiciosos dos brasileiros que foram buscar a concretização do seu trabalho por lá.  Um dos primeiros brasileiros a ser aprovado para bolsa na Singularity University – Fábio entrou lá em 2010 – ele desenvolveu uma nanotecnologia de satélites para uma competição dentro da universidade. Porém, como a tecnologia exigia um investimento que o prêmio não poderia cobrir, Fábio e o seu sócio começaram a desenvolver na “garagem” e tiveram seu primeiro investimento da própria “Universidade”.

A tecnologia desenvolvida por ele pode mudar diversos setores da economia, mas um dos mais focados por Fábio é a produção de alimentos. O seu satélite, com dimensão inferior a da tela de um notebook, por exemplo, é capaz de olhar uma plantação do espaço e determinar o nível de fertilidade do solo, de stress, de espécies invasoras, de doenças e até dos nutrientes encontrados nas flores das plantas. O acesso a esse tipo de informação, segundo Fábio, poderia levar a produção de comida não só para um nível inteligente, mas para um nível quase artístico.

A tecnologia, chamada de Hypercubes, trabalha também para oferecer soluções para a alimentação do planetaa. De acordo com as pesquisas de Fábio, a ideia é aproveitar a tecnologia para outros negócios, como a prospecção de terrenos para mineração, o monitoramento de vazamentos, dentre outras funções.

A ideia do pesquisador é que a tecnologia seja financiada por grandes empresas que utilizem os dados para que grande parte das informações possam ser acessadas de forma gratuita pelo grande público. Dados como o monitoramento de água do planeta, por exemplo, podem ser disponibilizados de forma pública e gratuita com o investimento de empresas de mineração, oil gas e produção de comida. Dessa forma, Fábio ajuda a impactar bilhões de pessoas no planeta e nós desfrutamos de uma produção alimentícia mais inteligente e barata.

Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart: agricultura inteligente

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Mariana é de Itajuba, interior de Minas Gerais. Por ser filha de produtores rurais, sempre acabou sabendo por osmose os  grandes desafios do campo: como economizar água? Como manter a produção saudável sem prejudicar o meio ambiente? Como ter controle inteligente sobre a safra?

A jovem foi além e conseguiu desenvolver uma solução que resolve a maior parte desses problemas. Funcionando desde 2016, a Agrosmart é uma startup que atua monitorando plantações e fornecendo dados em tempo real aos agricultores para ajudá-los a mapear as melhores decisões em prol do maior aproveitamento possível para safra.

Baseada em alguns princípios da geração digital – cadeia de suprimentos mais transparente, um padrão de sustentabilidade e um impacto mais positivo – Mariana tem sua empresa baseada em três tecnologias emergentes para gerar o impacto positivo que deseja. São elas: Blockchain – Machine Learning – Edição genética.

Através da Blockchain, a pesquisadora e empreendedora pode mapear os dados desde a produção do alimento até o consumidor final. Com a Machine Learning, esses dados podem ser processados por uma inteligência artificial capaz de prever o que é necessário ser modificado para um melhor aproveitamento da semente e da safra. Por fim, com a edição genética é possível retirar partes genéticas responsáveis pelo mau aproveitamento de forma barata e simples, de modo a ter safras cada vez mais saudáveis e, por consequência, conseguir alimentar mais gente com menos investimento e uso de água.

Mas não é só na edição genética que a água é economizada. Com o aplicativo da Agrosmart, já é possível mapear a sua plantação e ter dados em tempo real de quanto cada planta precisa ser irrigada. Isso porque a Mariana percebeu que a maioria dos agricultores estava usando muito mais água do que é necessário, desperdiçando água no meio de uma crise hídrica planetária na qual 70% da água doce do planeta vai para os plantios. Ou seja, o aplicativo da Mariana pode mesmo impactar 1 bilhão de pessoas, e quem sabe muito mais!

O aplicativo já está em uso no Brasil e em outros países, como Colômbia, México e Peru. Não está restrito somente a grandes produtores, visto que muitos pequenos produtores tem se juntado para custear o monitoramento que o aplicativo oferece. Mariana incentiva outras mulheres a desafiarem a desigualdade no mercado digital, tecnológicos e científico e se inspirar em exemplos de mulheres empreendedoras para pensar grande.

 Tônia Casarin: educação emotiva para humanos

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No colégio, aprendemos a ler e escrever, fazer cálculos matemáticos dos mais simples aos mais complexos, a cartografia do Planeta Terra, a análise das mitocôndrias, mas ninguém nos ensina nada sobre nossas emoções.

Em época de Tecnologias Exponenciais no Mercado Digital, Tonia Casarin é uma das brasileiras pesquisadoras que passaram pela Singularity University. No Singularity Summit ela nos relembra que o professor é uma tecnologia exponencial, visto que ensina para 30, que por sua vez podem ensinar cada um para mais 30, e assim sucessivamente. Porém, para isso, os professores e os pais também precisam ser educados a como ensinar educação emocional para os pequenos.

Através do Método A.N.C.O.R.A. desenvolvido em seu Mestrado em Educação na Columbia, Tonia procura estabelecer um framework para lidarmos com as emoções no qual cada letra do Método representa um verbo de ação: acolher, nomear, compreender e comunicar, organizar, regular e agir para aprender. De acordo com a educadora, esse é um passo fundamental para lidarmos com as demandas do mundo contemporâneo, onde os adultos chegam ao mercado de trabalho com aparato técnico porém completamente despreparados para lidar com os desafios emocionais que o mundo revela.

Autora de “Tenho Monstros na Barriga”, Tonia é um exemplo de que é possível fazer educação de uma forma democrática, didática, simples e revolucionária capaz de impactar o mundo todo com transformações que podem começar dentro de casa ou nas salas de aula.

Se eles já impactaram 1 bilhão de pessoas? Na verdade nenhum projeto até hoje saído da Singularity realmente há registro de ter impactado um bilhão de pessoas. Mas a ideia do pensar grande, em vez de pequeno, mostra que é possível criar projetos com muito potencial de impacto positivo: o que é suficiente para treinar nosso modelo mental. Vamos juntos?

Fotos: Divulgação Singularity  Summit

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