Lição de casa. Qual é a lição?

Pergunte a qualquer adulto sobre a importância da lição de casa para as crianças e todos responderão da mesma forma: é fundamental.

A lição de casa consolida o que foi apresentado na sala de aula e dá ao aluno a oportunidade de experimentar sozinho o que o professor ensinou. E não tem quem discorde disso.

Estamos de acordo com a parte “lição”.
Mas e a parte do “de casa”?

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Será que é mandatório que a lição seja feita na casa do aluno? Existe algum benefício diretamente ligado ao ambiente caseiro? Seria a lição muito diferente se fosse feita na própria escola, desde que fosse individualmente?

Certamente não.Afinal, o que importa é que o aluno tenha a oportunidade de resolver sua lição sozinho. O sozinho é a parte importante.

Talvez, se ouvesse um horário definido para isso, como têm as aulas, poderia ser uma ideia interessante. Uma aula a mais na grade, a “aula-solo”.

Mas por quê? Qual o problema de se fazer a lição em casa?

Existe hoje um exagero de compromissos na agenda das crianças. Tem a escola, as aulas extras (inglês, esportes, particulares, etc) e… a lição de casa. Geralmente, diária. E longa.

Não existe nenhum estudo que comprove uma relação direta entre o dever de casa e performance.

Na França, por exemplo, a lição de casa está sendo banida pelo presidente François Hollande como parte da reforma do ensino no país.

(http://www.dailymail.co.uk/news/article-2218820/Sorry-kids-France-President-Hollande-plans-ban-homework-education-reforms.html).

Mas nem vou entrar nessa questão para não fugir do ponto central.

O ponto aqui é o VOLUME de coisas que as crianças precisam fazer em casa, em DETRIMENTO de horas preciosas de convívio em família, de brincar, de assistir TV, jogar video-game e todas essas coisas que parecem menores mas são. Na realidade, são tão importantes quanto a matemática, história, línguas. Desenvolvimento intelectual e emocional.

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Crianças (e adultos) PRECISAM se entediar para criar e inventar. E precisam brincar para aprender.
Nunca foi tão fácil saciar a curiosidade como hoje em dia. As crianças precisam aprender a aprender sozinhas, ir atrás das respostas por conta própria, desenvolver habilidades autodidatas, provavelmente a habilidade mais relevante para um futuro que já começou. Não ao invés da escola, mas sim, complementando.

Dizem que um dia as coisas irão se inverter. As crianças aprenderão em casa e desafiarão o aprendizado na escola. Aula flipada.
Professores serão facilitadores, indicarão caminhos, como os de faculdade. Faz todo o sentido.

 

O CONTRASTE

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Eu tenho um filho de 12 anos. Menino, adora video-game.
Quando chama os amigos, começam no jogo, depois pulam para o browser em busca de videos sobre o jogo, assistem youtubers falando em inglês e os que entenderam mais compartilham com os que entenderam um pouco menos. Cabeiam tvs, entram em redes, usam headsets wireless, configuram telas complicadíssimas, cheias de termos técnicos. Acham bugs, vírus… e descobrem como consertá-los com softwares de malware. No jantar, me bombardeiam de perguntas. Sou o tiozão do UoD. E a lição de casa, como sempre, é aquela que veio interromper essa diversão. Antiga, sem graça e longa. Muito longa.

Parece que existe também um efeito marketing-parental, que relaciona longas jornadas e afazeres com qualidade de ensino. A escola é “puxada”.

Não quero passar a impressão que sou contra a lição de casa. Nem contra as escolas. Muito menos contra os professores, que tanto admiro. Mas sou sim contra a dinâmica da lição diária e excessiva. O mesmo vale para excesso de provas, cada vez mais justificadas como um preparatório para provas ainda mais sérias e oficiais (ENEM e vestibular são palavras corriqueiras já no ensino fundamental). Sem falar no envolvimento bem-intencionado dos pais no turno residencial, que acabam virando professores desqualificados em casa, com desastres frequentes (mesmo que dominem os assuntos, quase nunca irão usar o mesmo método do professor, o que certamente vai embananar a criança)

Se houvesse um período de 50 minutos para esse momento “solo” na própria escola (até com um ambiente próprio para isso, com divisórias ou algo assim) e um professor de plantão por perto para ajudar, acho que seria excelente. Ou talvez outro sistema, não sei.

A questão é que as crianças precisam ter algum momento para ser mais crianças do quem têm sido. E por mais tempo. Com espaço para que possam se encantar pelo conhecimento por iniciativa própria. Nem que seja para aprender inglês POR CAUSA do video-game. Que seja!

Assim, com menos tarefas, quem sabe não sobra mais tempo para ensinar uns truques novos para gente também.

Viva a escola, viva o ensino, vamos buscar o método!

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