Esse na foto é o Issus. Tem só uns 2 mm de comprimento, metade da cabeça de um fósforo, acho que você não deve ter visto ele por aí ainda.
Mas apesar de ser pequenininho, o Issus coleoptratus tem uma ferramenta que nunca foi vista em nenhum outro animal até hoje: engrenagens.
E sim, são funcionais como as nossas, aquelas feitas em grandes fábricas por engenheiros.
As engrenagens ficam no encaixe das pernas traseiras e o corpo, como se o Issus fosse um brinquedinho de plástico do McLanche Feliz, daqueles de encaixar, olha as engrenagens aí na foto acima.
A função das engrenagens é sincronizar as pernas do Issus para elas esticarem exatamente ao mesmo tempo, e ele ir certinho para frente. Uma micro diferença entre elas e o Issus não voltava pra casa, ia ficar saltando torto. Aliás, um super salto preciso a 14 km/hora, graças a essa solução mecânica do seu exoesqueleto, e que não seria possível só com seus músculos e o precário sistema nervoso do Issus.
Ele nem imagina o que está acontecendo alí atrás (apesar da provável diversão).
Um, dois e… irááááá!!!
Dona evolução disse: “bom, já que você não tem equipamento muscular e neurológico para fazer isso sozinho, vou colocar umas engrenagens na sua suspensão traseira que não vão depender do seu esforço”.
Segundo os cientistas, a solução das engrenagens é extremamente elegante.
As engrenagens transformam as pernas numa traquitana mecânica, capaz de funcionar até mesmo depois que o issus morrer, uma “auto-catapulta” de precisão.
Claro que não resisti a uma rápida pesquisa sobre a “nossa invenção” da engrenagem. Começou com os gregos, há mais ou menos uns 2300 anos. Usamos faz tempo, em objetos com partes móveis, a grande maioria com algum tipo de engrenagem em seu mecanismo, como o seu carro, sua máquina de lavar roupas, sua bike, o relógio na parede, o DVD player e muitos outros.
Uma solução que tem a cara e a precisão da engenharia humana, mas que a natureza, como sempre, bolou muito antes.
Fiquei fã do issus, meio orgânico, meio mecânico, praticamente um ciborgue. O Steve Austin dos insetos. O robô natural. Ray Kurzweil aposta que esse é o nosso futuro.