UpdateMe! com Luiza Prado

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por Gustavo Giglio

Luiza Prado, 24 anos, é uma artista, no mínimo, muito impactante. Natural de Guaratinguetá, pesquisa sobre a violação da sexualidade, alquimia, magia, paganismo e junta tudo em sua obra.

“Acredito em magia, acredito em missões e que a história vivida até aqui tenha acontecido para me fazer alcançar uma sanidade que sem o caos não haveria, sendo a arte uma espécie de ritual e espero que muitos frutos sejam gerados através deste ritual”

Pesquisadora adepta aos multi-meios e cybercultura, arte ferramentada sem rótulos, filosofia da fotografia e da tecnologia, movimentos sociais, performance e body art, sempre desenhou, pintou e é técnica em games e novas mídias. Musicista, toca violoncello há nove anos.

Com características super próprias, seu trabalho é bastante curioso.

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Batemos um papo rápido com a artista:

Update or Die: O que te influencia a criar os ambientes de suas obras?

Luiza: Me influencia o aspecto social do ser humano e me interessa traduzir isso de maneira figurativa, sendo muitas vezes o outro meu espelho ou vice versa. É uma troca constante que muitas vezes a fotografia em si possui. Acredito que cada uma possui sua particularidade pelo inconsciente dos que estão envolvidos nesse processo. Externamente, assuntos como religião, crenças, paganismo, tudo o que envolve a alquimia, politica e aspectos sociais me interessam muito.

Por que grande parte do seu trabalho é com mulheres nuas?

Eu utilizava muito mulheres porque sempre eram as pessoas que estavam dispostas a posar, a um ano eu trabalho com homens e tem sido recompensador do mesmo modo. Considero a nudez um ato político, principalmente quando o corpo é a ferramenta principal dentro de um trabalho. Com uma peça de roupa posso escolher ser sexy, masculina entre outras milhares de opções. É como fosse um máscara que facilita a me adequar a um meio/uma situação, já o desnudo é uma inserção de uma figura que instantaneamente causa identificação com algo que escondemos o tempo todo. Creio que por isso desde a pintura, a nudez sempre foi censurada

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Como é a sua realação com os multi-meios e cybercultura?

Tenho uma forte influência de Vilem Flusser e de artistas que utilizavam new media na criação como Coil. Como sempre a tecnologia me chamava muito a atenção, mas meu lado técnico matématico não é muito lógico, optei pelo lado observativo. Para mim, a evolucão da câmara obscura (que é uma das minhas pesquisas) não é chegar numa potência fotográfica extremamente robótica e sim entender todos os processos fotogràficos voltando na história e encontrando um novo destino para a fotografia.

Atravês da modulação dentro da câmara obscura é possível sintonizar radio am e fm por exemplo, isso ocorre atravês da instância da sombra e luz numa placa de metal. Se dos gestos originou o desenho (pré-história) e do desenho a fala, da fala fotografias e imagem em movimento é possível retroceder para buscar imagens no inconsciente das pessoas via essa modulação que ocorreu através da evolução do homem. Chamamos isso de imagem técnica. É essa imagem que já pré-estabelece muitas coisas na criação/visualização de uma imagem. Durante esse processo, decompilo uma fotografia e, através desse código matemático, acontece a produção de sons que resgata, na memória de cada pessoa, uma imagem diferente.

No Brasil falar sobre temas de morte, doenças é considerado obscuro (eu acho) então escuto comentários de que sugiro temas dramáticos, pesados e fantasmagóricos.

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Qual o principal foco de sua pesquisa hoje?

Estou na Colombia, que está sendo meu segundo local de pesquisa de campo. Aqui estou trabalhando com mulheres que sofrem violência das forças armadas e familiares.

Primeiramente apresentei dois talleres no MAC (Museo de Arte Contemporaneo) sobre sexualidade colonizada que seria a antropologia e arte das raízes da violação sob mulheres e gênero na América Latina.

Desde quando comecei a fotografar e também como uma mulher violada, utilizei a fotografia no meu processo de cura com métodos como; psicodrama e EMDR, quando ocorreu um funcionamento positivo, comecei a utilizar com amigas e amigos que haviam sofrido algum tipo de violação. É um método que baseia-se em utilizar a fotografia em um processo de dessensibilização cambiando uma história e, figurativamente, fazendo com que ela tenha um novo final.

Eu pretendo aprimorar isso, mas para isso é necessário conhecer muito a fundo histórias, situações e pessoas. É um trabalho duro e de formiguinha, mas acredito muito na utilização da arte como ferramenta.

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