Computadores não acham homens bonitos e destemperados engordam 5 quilos

marcos

É o meu terceiro ano no SXSW, mas ainda me impressiono com o que vejo. Ontem, por exemplo, a palestra de Robyn Peterson demonstrou como um computador já consegue escrever um texto jornalístico melhor do que um humano. Este texto aqui, por exemplo, em cinco ou dez anos, estará sendo escrito por um computador que analisará atualizações de centenas de pessoas nas redes sociais, e montará uma reportagem com os pontos mais relevantes do festival. Mais do que isso: o computador conseguirá prever os assuntos de interesse público e escrever reportagens antes de qualquer jornalista humano. De uma hora pra outra, estar escrevendo isso aqui se tornou obsoleto. Eu estou obsoleto. E talvez você também.

As revoluções apresentadas durante os dez dias de evento afetam áreas como engenharia, psicologia, medicina, publicidade, arquitetura. E por mais assustador que pareça o futuro, aqui em Austin o clima é de otimismo. Todos aqui acreditam que o carro que se dirige sozinho vai mudar o mundo. Todos acreditam que a medicina será aprimorada com a popularização dos wearables (“vestíveis”, como o relógio da Apple ou as pulseiras que monitoram atividades físicas). Todos acreditam que a “internet das coisas” (produtos diversos nas nossas casas, todos conectados na internet) irá movimentar bilhões de dólares na próxima década. Todos estão celebrando esse fim das velhas indústrias, esse florecer de novas possibilidades, guiado principalmente por pequenas startups que repetem o mantra: “fazendo um mundo melhor”. Não pra jornalistas humanos, aparentemente.

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O Sxsw começou em 1994 como um festival de música. Depois o festival de filmes foi incorporado. Depois tecnologia. Depois comédia, há dois anos. Depois esportes, no ano passado. Este ano a novidade é o south bites: um ciclo de palestras sobre comida e o futuro da indústria alimentícia, aliado a um espaço com dezenas de food trucks. Os Destemperados estão aqui e já engordaram 5 quilos.

Encontrar algo que me deixou realmente impressionado é fácil: me impressiono de dez em dez minutos com algo que vejo ou ouço. Ontem, vi um drone que é também uma impressora 3d – a coisa imprime produtos em pleno vôo. Vi um jogo de videogame que você joga apenas com um capacete – e controla o jogo apenas com a mente. E vi o Ryan Gosling, que lançou aqui seu primeiro filme como diretor, Lost River. É muito difícil achar qualquer coisa mais impressionante que o Ryan Gosling. Vamos concordar que o sujeito é um gato. Mas ok: se um computador tivesse escrito este texto, a beleza do Ryan Gosling seria irrelevante. Computadores não acham homens bonitos.

Ainda.

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