O principal aprendizado do SxSW Interactive?

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leonardo

Hoje foi o último dia de palestras do SXSW Interactive, e o primeiro dia do SxSW Music. Desde ontem foi possível reparar o início da troca do público, com a chegada de mentes ainda mais criativas, artísticas e mais cabeludas pelos quatro cantos do festival.

Ontem à noite, decidindo sobre qual seriam as minhas últimas palestras de hoje, escolhi  por investir o meu tempo em algo diferente e mais desafiador: participar de uma aula  para aprender como programar em linguagem Python. Quatro horas seguidas escrevendo linhas de código e tentando vencer a minha “Coding Iliteracy”.

Na hora que comecei a pegar gosto pela coisa, fui obrigado a sair da sala pra pegar a minha van para o aeroporto, e nela, uma empreendedora australiana que estava por aqui (fazendo reuniões sobre a startup dela) começou a puxar papo e me perguntou qual foi o meu maior aprendizado.

“Meu maior aprendizado….? Hum…” Fiz uma pausa longa e comecei a falar com ela em voz alta sobre todas as coisas incríveis que vi por aqui. Porém, de todas, nenhuma era tão impactante a ponto de ter me marcado mais do que as outras para ganhar o título de maior aprendizado. E essa incapacidade de sintetizar a minha resposta em curtos 140 caracteres bem objetivos começava a me incomodar, quando de repente me veio à lembrança da pior palestra que eu assisti em todo o SxSW.  E esta foi a minha resposta pra ela sobre o meu maior aprendizado no evento deste ano: não foi sobre o que eu mais gostei, mas sobre o que mais odiei.

Ontem logo cedo, a primeira palestra que eu fui assistir tinha como tema “evoluir ou morrer: a revolução da indústria da publicidade tradicional”, e tinha como palestrantes quatro executivos de mercado, sendo que três deles eram diretores e VP’s de grandes agências globais, pertencentes a grandes grupos multinacionais, com vasta experiência de mercado trabalhando para as marcas mais valiosas dos EUA e do mundo.

Espera-se que no SxSW iremos assistir o que existe de mais inovador e crista-da-onda sobre o tema que será exposto. Sabemos que o evento é super rigoroso quanto a curadoria de conteúdo, temas e palestrantes. E o que vi foi bem diferente disso.

O que ficou pra mim de maior aprendizado foi que a “big-global-traditional-advertising-agency”, não é mais o que ela era no passado. O “go-to-place” quando um cliente queria trabalhar a sua marca. Chego a essa conclusão porque confio e acredito na curadoria do SxSW, e porque se estes palestrantes estavam lá, com auditório cheio,  prontos para falar sobre um tema, é porque eles dominam o assunto mais do que os seus pares de mercado.

Ouvi quatro grande executivos discursarem sobre o quão inovador eles são porque antes os criativos pensavam no conceito da campanha e depois terceirizavam pra turma do digital a implementação do desdobramento da campanha no canal digital. E que agora, eles trabalham com o pessoal de forma mais integrada, incluindo-os antes no processo, para melhor planejar a parte de conteúdo e social da campanha. E pra eles, isso é colocar “o digital no centro das coisas”.

Pra mim, isso é um entendimento é uma proposta de solução rasos sobre o digital e sobre a mudança que ele trás pra a dinâmica de como construir e gerenciar uma marca forte no mundo superconectado em que vivemos.

O maior desafio (não só para as marcas, mas para as agências de publicidade, de branding e consultorias) não é tecnológica e nem de escopo. É de visão. Tem uma frase de Proust que diz: “The real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes.”

As marcas não precisam estar em todas as redes sociais ou adotar todas as últimas tecnologias e desenvolver vários aplicativos para que em cada nova campanha publicitária as pessoas consigam ver consistência em cinquenta canais diferentes. Não é nada disso. O que as marcas (e os profissionais que pensam marcas) precisam é de um Digital Rehab. Um reboot, um up-grade no pensamento e na visão sobre o papel da tecnologia em nosso contexto de mundo e o que verdadeiramente é possibilidade real de fazer a diferença na vida das pessoas. Tá tudo mudando tão rápido que planejar marca com a visão do mundo como ele é hoje, é construir estratégias que já nascem ultrapassadas e fadadas a não atingir todos os resultados que elas poderiam.

Ela (a Australiana que mora em Nova York) balançava a cabeça concordando comigo e dizendo que quem sabe no ano que vem veremos mais avanços nesse assunto.

A resposta fica pro SxSW do ano que vem.

*A cobertura do Update or Die tem o oferecimento do Santander. Apoio cultural do Twitter Brasil e Apex-Brasil, parceria de conteúdo com a Revista Trip e a produtora de áudio Luchalibre.

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