A reação de uma criança ao ser revisitada (e presenteada) por um viajante 2 anos mais tarde

mundo5

O Felipe entrou em contato comigo para contar sobre sua volta ao mundo, de um ano e meio, entrevistando, fotografando e convivendo com crianças. A experiência virou um livro, viabilizado por uma campanha de financiamento coletivo.

Pedi para ele mesmo escrever o texto deste post.

(por Felipe Sant’Ana Pereira a.k.a. Felipe Gaúcho)

JOVEM O SUFICIENTE

https://www.youtube.com/watch?v=Q-xccVOFHOQ

Não fosse a internet, eu não teria juntado milhares de reais na adolescência, dado uma volta ao mundo aos 19 e publicado um livro aos 21. Essa frase pode até soar arrogante, mas é a maneira que encontrei de sintetizar tudo o que devo a algumas ferramentas da web.

Ainda adolescente, passei alguns anos entrando em concursos culturais promovidos por marcas. Depois de quatro ou cinco meses sem ganhar
absolutamente nada, fui nomeado vencedor de um. E depois de outro. E, dois anos mais tarde, já tinha ganhado mais de vinte, vendido os prêmios na internet,e juntado uma quantia admirável para um garoto que ainda nem tinha bigode.

mundo4

Com a grana, fiz uma viagem de volta ao mundo por um ano e meio, cujos motivos estão explicados nesse vídeo, e mais detalhados aqui. Voltei para casa com um livro escrito, e a obsessão em conseguir publicá-lo. O caminho que encontrei foi o financiamento coletivo: bolei um projeto, coloquei-o no ar e, em sessenta dias, ele se tornou a mais bem sucedida campanha da categoria de literatura no Catarse.

Mais uma vez, fiquei devendo um agradecimento à internet, pelas ferramentas que ela provém e que nos permitem realizar sonhos e inspirar pessoas.

mundo1

Carlos Nader, em um artigo para a revista Trip, disse que

“o poder se concentra nas mãos de quem consegue criar uma narrativa. E por narrativa entenda-se não só uma história convincente, bem empacotada, mas sobretudo aquilo que a antecede: uma visão de mundo poderosa, sedutora, que catalise corações e mentes”.

Acontece que o nosso contexto, no qual se proliferam os meios digitais de suporte a narrativas e no qual temos cada vez mais acesso a ferramentas de compartilhamento de estórias, é o mesmo contexto em que, através da web, aprendemos a nos empanturrar com migalhas de informação. É o tweet revoltado de um músico metido a político; o vídeo de putaria em um grupo no whatsapp; o snapchat de um jornal cobrindo uma guerra do outro lado do mundo: a informação zarpa por nós. E desaparece. Só se perpetua a estória que, em vez de arremessada contra nós, é narrada para nós.

mundo3

A internet está cheia de ferramentas de empoderamento para contadores de histórias. Mas saber utilizá-las passa pela compreensão da estrutura universal do mito – estrutura que dificilmente cabe em 140 caracteres, ou num vídeo de 15 segundos. Mas que, se bem entendida, pode ser desmontada, desdobrada e reconstruída em diversos dispositivos e canais.

Viajar pode ser uma baita de uma aula, nesse sentido. Abandonar a zona de conforto significa entrar em um estado de atenção plena que nos faz enxergar, ensina a lapidar, e instiga a compartilhar boas histórias.

mundo2

Como a estória que o vídeo conta: a do garotinho que vivia numa ilha minúscula e que lá cultivava o seu sonho. Pensando bem, somos todos como ele: ilhados num universo de referências e práticas, que se expande a cada vez que alguém de fora (uma referência nova? Uma história inspiradora? Um antigo amigo, ou uma pessoa desconhecida?) resolve visitá-lo.

Viajar, para mim, é isso: caçar histórias. Ser inspirado para depois ter como inspirar.

E para você, o que significa viajar?

Receba nossos posts GRÁTIS!
Deixe um comentário

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More