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POR LUCIANA MUSA – DIRETO DE CANNES
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Ontem, o dia começou com uma palestra da Jessica Walsh, da Sagmeister & Walsh.
Sim, ela foi lá e mostrou a pasta (como todo mundo faz), mas também falou de um projeto pessoal que me chamou a atenção: o 40 Days of Dating: an Experiment.
https://www.youtube.com/watch?v=k7Rrid3k1NU
Basicamente, ela e um amigo, dois solteiros com um histórico de relacionamentos frustrados, se propuseram a experimentar “date each other”, por 40 dias, respeitando algumas regrinhas básicas da categoria, tipo a monogamia, se ver pelo menos tres vezes por semana:
Criaram um blog fofo que virou noticia, que virou livro e, que agora, vai virar filme de Hollywood.
Me senti um lixo.
E, não, antes que você me pergunte, não é porque eu esteja encalhada.
Me senti um lixo porque invejei o fato de ela ter um personal project.
Além de trabalhar em agência, ser hipster moderninha, ela consegue ter tempo para relacionamentos frustrados AND fazer disso um projeto pessoal incrível.
Daí a minha primeira desculpa: “ah, mas, né? Ela nem deve trabalhar tanto assim”.
Lá fora é diferente, vidão de publicitário gringo não deve ser igual a nossa.
ERRADO.
O fato é: nós (no caso eu) sempre achamos uma desculpa fora de nós mesmos para deixar de fazer coisas incríveis.
E, deste pensamento saem duas constatações:
Vamos ser sinceros – quando nós queremos fazer alguma coisa que realmente acreditamos, sentamos o traseiro a hora que for (na hora do almoço, quando o filho está dormindo, enquanto o marido joga futebol com os amigos, sei lá) fazemos a parada virar.
Se, de fato, a vida está tão apertada e se sente realizada só de conseguir passar rímel no trânsito a caminho do trabalho temos, então, que dar um jeito para que o trabalho produzido na agência seja tão apaixonante quanto um personal project, a ponto de transformar trabalho em diversão e de não saber onde começa um e acaba o outro.
Enfim, viva os tapas de realidade na minha cara.
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