Tá ruim pra você?

Solidariedade é um conceito comumente associado ao universo do sentimento, da bondade, do caminho que é virtuoso em qualquer crença religiosa.

OK, OK, tranquilos… Não vou enveredar por aí, porque há outra perspectiva “darwinianamente” interessante sobre o tema, tratada em vários estudos, teses e artigos que comprovam que a solidariedade é uma característica que surgiu ao longo do processo evolutivo do ser humano para aumentar a nossa capacidade de sobrevivência.

Avançando nessa direção, pesquisadores do Instituto de Neurologia da Universidade de Tamagawa, no Japão, afirmam que o potencial solidário de cada um é diretamente proporcional à atividade uma área do cérebro chamada amígdala: quanto mais intensa for essa atividade, mais capaz de ser solidário será o indivíduo, porque maior será o prazer que essa pessoa vai sentir em proporcionar algo de bom a alguém, desde que tenha proporcionado o mesmo bem a si mesma.

Alguém falou em prazer? Sim. Talvez não seja a melhor palavra, porque é minha, e não dos japoneses, mas a verdade é que somos solidários porque a área do cérebro que é ativada quando fazemos alguma coisa boa a alguém é a mesma que reage quando beneficiamos a nós mesmos, nos trazendo uma sensação imediata de bem-estar.

Soma-se a isso dois fatos: a conectividade construída nos últimos 10 anos permite entender quem precisa do que em qualquer lugar do mundo; e os mecanismos de transferência de recursos avançaram muito – diretamente ou por meio de plataformas de crowdfunding.

Dá prazer, é descomplicado e é bom para você na mesma medida em que é bom para o outro.

Partindo daí, vale tocar num outro ponto: somos menos solidários do que poderíamos. Sou otimista e vejo a quantidade enorme, e cada vez maior, de pessoas organizadas em torno de causas solidárias. Nessa época de Natal, mesmo quem passa o ano sem olhar para o lado tende a fazer alguma coisa. Mas profissional e pessoalmente vejo que esse movimento poderia ser maior e, muito importante, ininterrupto.

Brasileiro faz pouca doação. De tempo e de dinheiro.Não sou uma desconectada e sei o quanto se arrecada anualmente em programas como o Criança Esperança, o Teleton e o Amigo de Valor, iniciativa do Santander que você pode usar para direcionar parte do seu IR devido para financiar projetos sociais em todo o Brasil que trabalham para garantir o que está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas o montante poderia ser muito maior.

O Instituto Criar é outro exemplo: dedicado a capacitar jovens oriundos de famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo para trabalhar com audiovisual (câmeras, iluminadores, cenógrafos, figurinistas etc), consegue inseri-los no mercado de trabalho e sextuplicar sua renda num curto período de tempo. Para ajudar, é possível usar o mesmo mecanismo de abatimento do IR devido.

Já tem um monte de gente no mundo todo contribuindo para o Waves for Water, que agora está com uma operação fundamental em Mariana, purificando a água dos carros-pipa que chegam para abastecer a população vítima da tragédia ambiental. Mas o valor arrecadado entre cidadãos brasileiros até agora é tão pequeno que tenho até vergonha de publicar.

Além de contribuições financeiras, é sempre possível apoiar dedicando-se como voluntário e, em muitos casos, como profissional remunerado.

A lista de projetos passíveis de apoio renderia um artigo do tamanho de uma lista telefônica, item extinto que a maioria de vocês não conheceu pessoalmente. O que quero dizer é que projetos não faltam e, no meio de tantos temas cobertos, certamente algum te interessará. Projetos tocados por gente séria, dedicada, confiável e auditada.

Mencionei apenas alguns para dar ideias (e o Arnaldo já falou que jabá solidário pode, sim) e ver se você se anima a procurar algo que faça sua cabeça para contribuir de alguma forma.

Porque, enquanto estiver muito ruim para muita gente, não vai ficar bom de verdade para ninguém. Nem pra você.

¿Que te parece?

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