a vida é osso duro de roer


por Gus Rigon

[su_heading size=”26″ align=”left” margin=”0″]”Céu, inferno e outras partes do corpo” é uma animação gaúcha que tinha tudo pra ser um terror, com direito a tráfico de órgãos e tudo, mas acabou virando uma comédia dramática que faz pensar sobre como nos afundamos, todos os dias, na nossa própria piscina de sangue.[/su_heading]

ceu_00

Com altas doses de surrealismo, os mais de sete minutos de duração retratam a vida de um cachorro que tem um dia a dia muito parecido com o nosso: acorda, escova os dentes, toma café da manhã, tem problemas amorosos, tem problemas no trabalho, e por aí vai. E aí a gente percebe o mais interessante dessa obra: as (deliciosas) críticas que ficam nas entrelinhas.

Antes de trabalhar, o cachorro vomita o próprio coração, lava e o coloca para secar, como se fosse uma roupa qualquer. Em seguida, tira o próprio cérebro e coloca para congelar, como se fosse um resto de comida que sobrou do almoço.

ceu-inferno-3-frame-divulgac3a7c3a3o

Essa metáfora, por exemplo, mostra como todos os dias somos obrigados a deixar de lado o que realmente pensamos e sentimos para enfrentar o incessante, frenético e louco cotidiano. É interessante também como o curta se passa apenas na casa do personagem principal, onde ele pode ignorar as catástrofes que estão acontecendo no mundo.

Será que não ignoramos muitos problemas sociais apenas porque “não é com a gente”? Ou quando nada parece dar certo ficamos deitados no sofá enquanto a vida acontece? Parece que as vezes é muito mais fácil arrancar as orelhas, os olhos e outras partes do corpo. Até porque, meu caro, a vida é osso duro de roer.

Receba nossos posts GRÁTIS!
Deixe um comentário

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More