George Martin, por Paul mcCartney

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(traduzido livremente, texto publicado hoje de manhã no site oficial de Paul McCartney)

por PAUL McCARTNEY

Fiquei muito triste com a notícia do falecimento do querido George Martin. São muitas as lembranças maravilhosas deste grande homem que guardarei sempre comigo. Ele era um gentleman de verdade e um segundo pai para mim. Ele conduziu a carreira dos Beatles com tanta habilidade e bom humor que virou um amigo de verdade e parte da minha família. Se tem alguém que possa ser chamado de quinto Beatle, era George. Desde o dia em que ele conseguiu nosso primeiro contrato de gravação até a última vez que o vi, ele foi a pessoa mais generososa, inteligente e musical que eu tive o prazer de conhecer.

É difícil escolher as lembranças favoritas do tempo que passei com George, são tantas, mas uma que me vem à mente foi quando eu trouxe “Yesterday” para o estúdio e os caras da banda sugeriram que eu a cantasse sozinho, apenas acompanhado do meu violão. Depois que eu fiz isso, George Martin me disse “Paul estava pensando em colocar um quarteto de cordas na gravação”. E eu respondi “Ah não George, somos uma banda de Rock and Roll, eu não acho que seja uma boa ideia”. E com toda aquela sua elegância, de grande produtor musical que era, ele disse: “Vamos tentar e se não funcionar a gente não usa, ficamos com a sua versão solo mesmo”. Eu concordei e voltei à sua casa no dia seguinte para trabalhar nos arranjos.

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Ele pegou os acordes que eu tinha trazido e distribuiu as notas pelo piano, colocando o violoncelo na oitava mais baixa, violino na mais alta e deu minha primeira aula de como usar as cordas em um quarteto. Quando finalmente gravamos o quarteto em Abbey Road, foi emocionante ver como sua ideia estava absolutamente correta, e eu sai contando essa história para todo mundo durante semanas. E obviamente funcionou mesmo porque a música acabou sendo regravada por Frank Sinatra, Elvis Presley, Ray Charles, Marvin Gaye e milhares de outras pessoas.

https://www.youtube.com/watch?v=Dtyh0JdOgFo

Essa é apenas uma das memórias que tenho de George, que depois também acabou me ajudando com os arranjos de ‘Eleanor Rigby’, ‘Live and Let Die’ e tantas outras.

Tenho orgulho de ter conhecido esse gentleman com um senso de humor tão refinado, capaz de tirar um sarro dele mesmo. Até quando foi condecorado pela Rainha, nunca se viu qualquer traço de esnobismo.

Minha família e eu, de quem ele era tão amigo, vamos sentir imensamente sua falta e enviamos nosso carinho à sua esposa Judy, seus filhos Giles e Lucy e também aos seus netos.

O mundo perdeu um homem realmente extraordinário que deixou uma indelével marca em minha alma e na história da música britânica.

Deus abençoe você George.
Paul

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