Mahmundi dialoga com o mundo

Por causa do MECA Inhotim, tive a oportunidade de conversar com várias pessoas muito interessantes sobre o processo criativo delas. Minha conversa de ontem foi com a cantora e compositora carioca Marcela Vale, a Mahmundi.

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Fotos de Eduardo Magalhães

Mahmundi se recusa a ser definida pelos esteriótipos que possam ser atribuídos a ela. Na nossa conversa, ela preferiu falar de trabalho e dos diálogos diários com o mundo. Mahmundi foi, entre outras coisas, técnica de som, o que lhe deu uma bagagem muito valiosa.

“Ser técnica de som é difícil, você tem que estar sempre atento… e como uma adolescente que não fez curso e já entrou no mercado de trabalho, eu tinha que ralar muito mais. Meu trabalho sempre foi muito cansativo porque sempre me coloquei em posições que me exigiam excelência. Era uma superação pessoal trabalhar e levar minha música para mais gente.”

Eu pergunto sobre como é ser mulher no mundo da música. Mahmundi afirma não se preocupar com questões de gênero. De novo, ela só quer fazer um trabalho que dialogue com seu público. Ela nem entra no mérito de se são homens ou não, só ela acha que o mundo da música está muito viciado nas mesmas pessoas – “obviamente todos artistas consolidados”. Mahmundi acha que apesar disso conseguiu fazer um trabalho que dialogasse com as pessoas e assim conquistou seu espaço. Para ela, se você tem algo diferente a dizer, você ai chamar a atenção das pessoas.

Fiquei interessada nisso do diálogo, e questiono se então ela considera a resposta das pessoas na hora de começar essa conversa. Mahmundi me garante que são coisas separadas, e que o processo artístico não pode ter direcionamento externo, ou, na opinião dela, “vira um jingle”.

“O processo criativo é todo dia – seu relacionamento com as pessoas, com a vida, como você dialoga com pequenas situações. Não tem fórmula. A arte é recompensadora porque você precisa buscar seu talento  seu foco constantemente, para fazer algo que toque a outra pessoa. É uma expressão da tua vida e dos relacionamentos que você cria”

Ela diz que depois, sim, na hora de pensar na comunicação desse trabalho para o mundo, isso se torna relevante. “Depois obviamente pode ser embalado para ser comercializado – e isso não tem o menor problema”.

Mahmundi sempre soube o que queria? “Eu sempre soube que queria ser artista e estar aqui, inclusive dando entrevista no começo da semana”. E ela emenda, sobre o que aprendeu:

“Mas quando você entende que a arte é um rio sem fim, você entende que tem muita coisa para desbravar ainda, muito aprendizado… vai convivendo com as pessoas, ouvindo os conselhos de quem é mais experiente e as perguntas e quem é menos. O que eu aprendi até aqui é que eu ainda não sei nada e tenho muita coisa para aprender. Talvez daqui a uns cinco anos a gente se fale de novo e vou dizer que aprendi um tiquinho de coisa, mas que ainda tenho muito o que aprender.”

 

 

 

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