if this then that.

Depois de mais de 20 anos trabalhando com internet, eu preciso dizer que não sei exatamente qual o nome da função que eu desempenho. Comecei como diretor de arte, depois de criação, saí de agência, fui trabalhar com produtoras, me tornei designer, criativo, depois empreendedor.

Mas uma coisa sempre esteve na mimha cabeça, desde sempre, desde 1993, quando pude mexer no primeiro computador da minha vida, no laboratórido da GV: eu tinha que aprender a fazer aquela máquina trabalhar para mim.

Me lembro de ter comprado um livro de ‘Macros para Excel’ – foi o meu primeiro contato com a programação. Para falar a verdade, eu nem sabia para que eu estava lendo aquilo, mas sabia que havia algo alí que eu tinha que entender.

Quando entrei na Thunder House (uma das primeiras agências digitais do Brasil, e berço de um monte de profissionais consagrados do mercado), para ser diretor de arte (na verdade, um estagiário faz tudo, com um mac antigo que mal conseguia conectar na internet discada), sabia que para conseguir fazer o que eu queria, iria precisar dominar a máquina, e não o contrário.

Foi então que eu mergulhei na lógica, nas linguagens de programação mais diversas. Javascript, ActionScript, AppleScript, Java, PHP, Ruby, Python, bash, Go.

Não se impressione com a lista acima (ela é muito maior). Não entendo um décimo dessas linguagens como alguém que é de fato programador, que estuda e dedica sua carreira a isso.

Eu de fato somente USO essas linguagens, e sei o suficiente para fazer aquilo que eu quero, que é criar.

Muito do que fazemos no nosso dia a dia, são tarefas repetitivas, matemáticas, tarefas que um dia alguém vai automatizar, e se não nos adaptarmos, vai tirar nosso emprego.

Mas não estou falando isso como se fosse uma ameaça – ou aprenda a programar, ou procure um outro emprego.

Na verdade a programação é um ato libertador – ela pega aquela tarefa que consome 50, 70% do nosso tempo, e nos devolve pra podermos nos concentrar naquilo que fazemos melhor, seja criar, pensar, conversar, vender, atender, viver.

Não é preciso fazer curso, tirar diploma, saber escrever um script como um profissional – basta que você pegue uma linguagem que você goste – ou que não pareça tão assustadora – e comece a resolver problemas com ela, seja o que for, seja limpar o seu desktop, fazer um barulho diferente quando chega um email da sua esposa, ou te ajudar a editar 200 imagens em minutos.

O mundo da programação, como qualquer outro mundo, é fechado, e pode parecer assustador – mas o cara que faz a programação do servidor do Google é tão legal (ou chato) quanto o cara que trabalha do seu lado.

Um dia desses, eu li um texto do Dave Cheney, um dos maiores contribuidores da linguagem de programação GO, do Google, onde ele explicava algumas peculiaridades sobre um determinado assunto, que eu finalmente consegui entender – e escrevi para ele um agradecimento, porque eu, um criativo (acho que considero essa a minha função principal), finalmente tinha entendido aquele conceito.

E por mais estranho e improvável que possa parecer, ele não só me respondeu, como me tratou de igual para igual, me encorajou, mesmo eu não sendo alguém do mundo da programação.

Talvez as próximas gerações não precisem aprender a programar – já saberão. Talvez a programação seja para nossa geração o que foi o digital, o computador, para a geração anterior.

Está cada vez mais fácil programar, as linguagens estão cada vez mais simples e poderosas, e o mundo dos programadores, barbudos, sizudos e com calculadores HP nem usa mais calculadoras HP, e para ser justo, é tão criativo quanto qualquer outro mundo.

Perca o medo e domine a máquina.

Ela até pode ser mais inteligênte do que nós, mas não tem nossa sabedoria, e está a nossa serventia.

if (this) {

that();

}

Photo by Nilotpal Kalita on Unsplash

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