O Empresário Neandertal e o Empresário Homo Sapiens

A regra de mercado (custos x receitas) tem uma sutileza que só não percebe quem não quer.

Qual a regra do mercado?

Lucro.
Gaste menos, ganhe mais.
Sua receita foi maior que as despesas?
Lucro.
Sabendo disso, o modus operandi de qualquer empresa (seja as com propósito apaixonantes, seja as mais sangue-sugas), é ganhar mais do que gastar.
O empresário neandertal aplica isso a tudo que a empresa atua.
Tudo.
Sem excessão.
Seu modo de pensar é: “vou apertar todos os meus custos para, assim, aumentar meus lucros.

Apertar custo é algo mais palpável, mais fácil de fazer.
Dá para ver o resultado no mês a mês.
Apertou a grana em setembro?
Corta custo em outubro que tá beleza.

Aí é que mora a sutileza:

Apertar custos é modo neandertal de realizar negócios.
Até uma criança faz essa aritmética fácil. É o mais intuitivo, o mais simplório, o mais simplista. Um idiota consegue fazer. Talvez por isso o mercado esteja cheio de idiotas ganhando uma boa grana.

É no aumento de receita que está o grande segredo.
Porque custo tem limite, receita não.
Custo você corta no máximo 100%.
Receita você pode aumentar 300, 400, 800%…

Cortar custos exige processamento cerebral de uma calculadora de R$ 5,00, das que compramos no camelô.
Aumentar receitas exige além de inteligência, sagacidade, ousadia, coragem, timing, feeling, tato, insight, criatividade, inovação…
Requer, enfim, as características de um homo sapiens.

Especialmente quando aplica-se ao seu maior recurso fazedor de receita: os funcionários. (Não é à toa que o setor que cuida deles chama-se Recursos Humanos).

Empresário neandertal come as sementes.
Empresário homo sapiens planta elas no solo e rega todo dia.
Deu pra entender a metáfora?

Então empresário, corte custos! Sim!
Mas cortar custos naquilo que traz retorno é o mesmo que comer sementes, ao invés de semeá-las no solo arado.

Se você aplica a regra de mercado (reduzir custos) para os funcionários, eles vão trabalhar contigo por um tempo, mas estarão sempre de olho em novas propostas de trabalho.
Aplique a regra com eles, e eles as aplicarão contigo.
Você quer reduzir o máximo de custo com eles, e eles irão atrás de aumentar suas receitas.
Assim, o mercado de trabalho vira esse leilão: quem dá mais, leva. E você não tem o menor direito de ficar chateado quando perde um bom funcionário para outra empresa, afinal esse é o cenário que você mesmo criou!

No final das contas, as grandes empresas – aquelas admiráveis, e que todo neandertal adora mencionar em reuniões estratégicas – são as que conseguem manter esse funcionários produtivos e apaixonados. Elas investem tempo, dinheiro e capacitação, porque sabem que sementes bem regadas geram árvores, e estas geram frutos.

É nos frutos que as empresas visionárias se tornam grandes, aumentam a participação, expandem, alcançam novos terrenos e, logo, se transformam num ecossistema, através de um ciclo virtuoso de investimento e retorno sobre esse investimento.

Então, não se engane.
Empresas grandes só se tornaram grandes porque enxergaram grande.
O resto fica na continha de matemática e planilhazinha de Excel.

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