Após o ensino médio faça uma faculdade… e algo mais!

A carreira profissional agora é algo bastante fluida que vai se moldando ao longo da vida. E mais: não basta uma formação única. Hoje o mercado pede um profissional multidisciplinar.

É bem possível que daqui 20 anos, o modelo de formação profissional seja muito diferente deste que temos hoje. Quem sabe nem o reconheceremos como uma universidade ou faculdade.

Vivemos esse momento de transição. Hoje somos capazes de notar que muitas coisas não fazem mais sentido e uma delas é a necessidade de, ainda muito cedo, entre 16 e 17 anos, ter que escolher uma profissão.

É completamente irracional essa exigência. Afinal, nos dias de hoje, pessoas com 30, 40 e 50 anos estão constantemente revendo suas escolhas profissionais e portanto, essa decisão não me parece que tenha que ser algo tão sólido e definitivo como fazem parecer quando se é jovem.

Essa pressão gera uma angústia que mais tarde culmina em uma grande desilusão, pois nenhuma faculdade por si só, será capaz de atender as expectativas do jovem. E por vezes, isso colabora para a formação de um processo depressivo.

Assim, nesse contexto, há aqueles que sugerem aos jovens criar um hiato no tempo entre o ensino médio e a universidade. Um intervalo de 6 meses para dar oportunidade a outras experiências não relacionadas ao ensino formal e só depois, escolher em definitivo uma carreira profissional.

Nestes 6 meses, sugere-se experimentar atividades relacionadas ao mercado profissional. Ajudar um parente no seu negócio, ser voluntário em uma ONG, etc.

Eu acredito que conselhos assim são válidos, mas faço uma breve correção, pois afinal, essas experiências ainda não garantem que ao final deste período de experimentações aleatórias, você alcance a glória da descoberta e saiba afinal, qual profissão vai seguir. Sinto muito, isso não existe mais.

A carreira profissional agora é algo bastante fluida que vai se moldando ao longo da vida. E mais: não basta uma formação única. Hoje o mercado pede um profissional multidisciplinar.

Assim, minha recomendação é outra: se você está terminando o ensino médio, no próximo ano faça uma faculdade e também faça muitas outras coisas em paralelo!

Conselhos:

  • Não escolha uma faculdade como quem escolhe uma profissão para o resto da vida. Não crie essa pressão toda sobre si. Ela é fantasiosa. Escolha uma faculdade que fale de um tema que lhe interessa. Escolha algo que atice sua curiosidade. Isso já é bastante crucial para o sucesso da carreira que você vai construir.

  • Faça uma faculdade mas não espere uma realização imediata das suas expectativas. Isso não existe. Realização só acontece quando, de forma resumida, investimos tempo e esforços pessoais em um longo projeto que chega ao fim. E você só está começando. Ou seja, é preciso paciência, pois a realização virá com o tempo.

  • Faça a faculdade mas não faça somente isso ao longo de todo o curso. Só isso não basta. É preciso complementar sua formação com outras experiências em paralelo. Estude pela manhã ou noite e no tempo livre restante, faça o que outros já aconselharam: ajude um parente em seu negócio, seja voluntário em uma ONG, crie um canal de conteúdo no Youtube ou Instagram e compartilhe algo que você domina. Ou então, aproveite que está na faculdade e faça um estágio ou um trabalho de monitoria em algum departamento da faculdade. Você também pode trabalhar na empresa júnior, ou no centro acadêmico enfim, por ser um estudante universitário, as oportunidades são infinitas e você não pode deixar de aproveitá-las.

  • Faça também outros cursos complementares. Em outras áreas diversas da sua faculdade. O importante é manter-se ativo o dia todo. Entenda que suas tardes de Netflix terminaram. A vida de um estudante universitário não se constrói apenas na sala de aula.

    Na faculdade não tem apostila. Não tem tarefa de casa. Ninguém vai pegar na tua mão e dizer o que fazer. É preciso tomar as rédeas da própria vida acadêmica e se empenhar naquilo que lhe interessar. Se você gostou de determinada disciplina, não se contente apenas com o conteúdo das aulas. Vá atrás do professor e peça mais. Indicações de livros, palestras e eventos. Peça monitoria naquela matéria.


Após o primeiro semestre, você verá que conhece muito mais da área que escolheu do que antes de entrar na faculdade. E se por acaso sentir-se frustrado ou arrependido, não se culpe. Sinta-se á vontade para fazer novas escolhas e até quem sabe, trancar o curso e começar uma nova faculdade. Afinal, todo o aprendizado acumulado é um repertório válido. Não se trata de jogar fora uma faculdade. Trata-se de um acerto de rumo profissional.

Conheço duas pessoas que fizeram a faculdade de Comunicação e depois também se formaram em Psicologia. Um outro fez Engenharia e depois Comunicação. Outro fez Direito e depois Comunicação. E por fim um outro que fez Medicina e trocou por Filosofia. Todas essas pessoas não se arrependem das suas primeiras escolhas, pelo contrário, acreditam que a soma dessas vivências lhe ofereceram uma experiência única que hoje é vista como um diferencial no mercado de trabalho.

Então lembre-se: é extremamente importante uma formação multidisciplinar. Tenha em mente que a faculdade por si não basta. Faça muitas outras atividade em paralelo, um estágio, um trabalho voluntário ou até mesmo outra faculdade! Esse é o segredo para diminuir a angústia em relação ao futuro, as expectativas excessivas e impedir um processo depressivo. É o segredo também para descobrir com o tempo, qual trajetória profissional você quer seguir.

Um amigo, dono de uma agência de comunicação bastante reconhecida no mercado, uma vez me disse que todos os estagiários que ele contrata costumam fazer direitinho aquilo que ele pede, afinal, ele sabe selecionar bem seus estagiários porém, somente alguns poucos costumam questioná-lo o porquê daquela tarefa, antes de executá-la. Esse senso questionador é fruto de um pensamento crítico valioso.

Concluímos que esse diferencial vem de uma formação sólida oriunda de disciplinas que ajudam a construir um ser crítico e questionador. Disciplinas essas que muitas vezes estão alocadas nos primeiros anos da faculdade e que por sinal, os alunos costumam não dar valor. Pois a verdade é que leva tempo para que esse pensamento crítico ganhe maturidade dentro da pessoa.

É comum que ex-alunos me procurem depois de 5, 10, 15 anos de formados para contar como só agora, compreendem o valor daquelas aulas e como elas fazem diferença ao se compararem com outras pessoas que tiveram uma formação profissional superficial.

Por fim, não nego que há dezenas de empreendedores de sucesso que são realizados com o que fazem, mesmo tendo abandonado a faculdade quando jovens. O sucesso profissional não é restrito àqueles que seguem o ensino formal. Mas posso dizer com segurança que uma formação universitária séria e multidisciplinar é capaz de formar um ser crítico capaz de compreender cenários e inovar profissionalmente com mais facilidade, ao longo de toda a sua vida.

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