SXSW 2018: todos os futuros possíveis em um só lugar

Percebi que o SXSW é o lugar ideal para ouvir sobre novas ideias e comprovar como a tecnologia deve estar a serviço da transformação do mundo em um lugar melhor

Esta é minha segunda vez em Austin – cidade americana que recebe o SXSW, festival que promete ser o epicentro mundial da economia criativa. Há alguns anos eu já acompanhava coberturas jornalísticas, assim como ouvia experiências de amigos que me traziam notícias do que acontecia por lá. Segundo eles, era um mundo habitado por seres e coisas que demonstravam o que havia de mais avançado em tecnologias e conexões. Era como ter o gosto do futuro em apenas 10 dias do ano, no Texas.

De fato, pelos corredores do SXSW – seja no Trade Show (o principal centro de convenções do evento) ou nos espaços de experiências de marcas – é impressionante a quantidade de novidades tecnológicas lançadas todos os anos. Desde equipamentos de interatividade de precisão impressionantes (como a Saya, uma menina-robô que se comunica com as pessoas reagindo emocionalmente), até um piano que responde ao comando das mãos e faz dueto.

Mas, ao mergulhar pelo evento, percebi que aquele era o lugar ideal para ouvir sobre novas ideias e comprovar como a tecnologia deve estar a serviço da transformação do mundo em um lugar melhor. Acompanhei discussões interessantes de Jenna Niven (diretora criativa da agência americana de comunicação digital R/GA) e do Yann Caloghiris (diretor criativo na agência de experiência global Imagination) sobre como a inteligência artificial pode superar a limitação humana de análise de dados para garantir melhores condições para exercermos nossa criatividade.

Outro momento enriquecedor foi o painel com os líderes do projeto Digital Town. A conversa mostrou como o Blockchain pode empoderar comunidades para o desenvolvimento econômico. A partir da criação de uma moeda criptografada – como o bitcoin – a ideia é que comerciantes e empresários locais passem a aceitar esse pagamento e promovam a circulação da espécie. Assim, os habitantes diminuem o consumo por grandes empresas e a movimentação do dólar, por exemplo, e dão forças para a comunidade. Segundo eles, o modelo já foi testado em Austin e Londres e até no Rio de Janeiro.

Ponto alto do evento foi o painel com Melinda Gates (co-fundadora da Fundação Bill e Melinda Gates), Nina Shaw (uma das fundadoras do movimento contra o assédio “Time’s Up”) e Stacy Brown Philpot (CEO da plataforma digital TaskRabbit). As palestrantes falaram sobre as dificuldades de mulheres ocuparem seus espaços em universos misóginos e machistas como o da tecnologia ou mesmo o do entretenimento. Ao longo de suas carreiras, elas lutaram pela criação de um ambiente de trabalho mais igualitário e capaz de dar voz às funcionárias. E não se restringiram à questão de gênero, mas outros grupos sociais também passaram a ser representados e incluídos nos debates. Segundo as ativistas, a diversidade traz um olhar mais criativo e abrangente para inovações. Saí de lá com a certeza de que o futuro é construído a partir da perspectiva de espaços de fala e ações afirmativas que promovem a inclusão e a representatividade.

Portanto, para mim, o principal mérito do SXSW não é tratar da programação de sistemas e redes, inteligência artificial ou avanço de qualidade técnica em devices, áudio e vídeo. Seu segredo de longevidade de três décadas é sua capacidade de expor e buscar soluções para problemas reais da sociedade.

Receba nossos posts GRÁTIS!
Mostrar comentários (1)

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More