O neurocientista Keiji Tanaka passou anos estudando os cérebros de jogadores de xadrez para tentar entender por que e como elegimos uma determinada estratégia em situações difíceis – no tabuleiro e na vida cotidiana.
Tanaka descobriu que a intuição reside no núcleo caudado do cérebro, uma estrutura que faz parte dos gânglios da base, uma região bastante primitiva e responsável pela aprendizagem e hábitos. Esse local nos permite responder a um problema ou tomar decisões usando o pensamento inconsciente – uma espécie de inteligência automática e rápida nas áreas em que temos muita experiência.
Tão rápido que, como revelado pela ressonância magnética, as decisões intuitivas são tomadas sete segundos antes de nos tornarmos conscientes e executá-las. Embora, aparentemente, tudo isso aconteça sem nenhum esforço, a realidade é que existem muitos neurônios e estruturas cognitivas complexas envolvidas nesse tipo de pensamento. Claro, eles trabalham em um nível inconsciente. E é por isso que temos a sensação de que os palpites surgem do nada, mas temos que ter claro que:
A intuição não se opõe à inteligência racional
Atualmente, aceita-se que existam dois sistemas cognitivos no cérebro: um é guiado, controlado, regulado, precisa da razão para intervir e exige esforço mental. Outro é baseado na percepção, intuição, emoções e ocorre no nível inconsciente. O primeiro é lento, o segundo rápido, mas ambos podem nos levar a conclusões inteligentes.
“A verdadeira intuição só é encontrada em especialistas. Quando um problema é complexo, a resposta intuitiva simplifica e contribui para os momentos ‘eureka’ e para o que chamamos de inspiração”, explica Tanaka.
Da mesma forma, a intuição também está ligada ao senso de ética, já que aqueles que decidem intuitivamente mentem e trapaceiam menos que os mais racionais. Ou seja, são mais honestos.
A intuição acerta em 90% das ocasiões
Marius Usher, da Universidade de Tel Aviv, detectou em seus experimentos que o chamado sexto sentido está certo em 90% do tempo. Sem pensar? Não, porque quando a intuição é colocada em prática, não ignoramos os prós e contras, mas avaliamos num equilíbrio instintivo e inconsciente, em vez de racional e consciente.
Na mesma linha, J. David Creswell, da Universidade Carnegie Mellon, descobriu que, quando mantemos o cérebro racional ocupado memorizando dados, quando somos solicitados a tomar uma decisão, as escolhas são mais lúcidas.
Sendo assim, para estimular a intuição antes de resolver uma questão importante, recomenda-se entreter o cérebro racional em outras tarefas, como ouvir música, assistir a um filme, pintar, cozinhar, ler um livro… Desta forma, deixamos nosso subconsciente pronto para obter melhores resultados nas decisões que tomamos.
Mas como aflorar a intuição, neste mundo cheio de intervenções externas que tiram a nossa concentração? Bem, a dica mais importante é não ignorá-la, e seguir as diretrizes abaixo que vão nos ajudar a ouvir mais alto a voz que está dentro de nós:
Meditar
Através da meditação, devemos nos conhecer melhor. Aparentemente, e com uma certa lógica, isso encorajará nossa intuição.
Criar
Colocar nossa criatividade em prática fortalecerá o lado primitivo do cérebro onde a intuição vive.
Observar
Vamos nos concentrar em observar tudo o que acontece ao nosso redor, mesmo nas coisas que parecem mais absurdas.
Relaxar
Se usarmos nosso descanso para consultar as redes sociais, por exemplo, não estaremos aproveitando os benefícios do descanso. Precisamos aprender a desconectar para que o resto entre em vigor em nosso cérebro.
Emoções negativas fora!
Deixe-as ir. Elas nos deixam presos e, deste modo, não avançamos mentalmente.
Aproveite a solidão
Estamos em constante conexão, ao aprender a viver com nós mesmos alimentamos nossos palpites.
E procure lembrar-se do que disse o filósofo indiano Jiddu Krishnamurti, que:
A intuição é o sussurro da alma!
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