A Máquina de dar Arrepios

Quem decidirá o destino da humanidade: Um homem, um deus ou uma máquina?

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Homem, Deus ou Máquina? Quem decidirá o destino da humanidade?

Ideias são luminosas. Quando surgem não há como escondê-las. Chamam a atenção de verdade. A “ideia” de usar lâmpadas como o símbolo da criatividade parece genial. A própria história da lâmpada, por si mesma, define um conceito difícil de ser destruído. Quando a noite deixou de ser tão assustadora, o mundo tornou-se um lugar cada vez mais interessante. Monstros noturnos começaram a dar lugar a uma nova classe de personagens que esculpiam nossas fantasias, pelo simples fato de não haver mais escuridão. Um interruptor simples interrompia o medo, mudava o brilho nos olhos, iluminava dilatadas pupilas que começavam a imaginar novas coisas.

A lâmpada mudou o mundo porque mudou como o sentimos, e como o observamos. Mas, acredito numa outra forma de ilustrar ideias.

Me veio uma luz aqui.

Quando Angelo Barovier, na ilha de Murano, em Veneza, aplicou cinzas de alga marinha (rica em óxido de potássio e manganês) em vidro derretido descobriu algo impressionante. Quando a mistura esfriou, ele tinha criado um tipo de vidro extraordinariamente claro. Barovier chamou a mistura de cristallo. E assim nasceu o vidro moderno, e a sua poderosa influência sobre os destinos da humanidade.

Até o século XV, ninguém havia visto a sua própria imagem, clara e límpida. A revolução do dióxido de silício (vidro) seria, inexoravelmente, sem precedentes.

Fazemos piadas pelo enorme número de selfies produzidas a cada instante, em todo o mundo. Sim, parece ser um evento moderno, mas não é. Logo após o aperfeiçoamento da produção de vidro cristalino, bastou que alguém tivesse a ideia de revestir a parte de trás das peças com um amálgama de estanho e mercúrio, a fim de criar uma superfície brilhante e altamente reflexiva. Eis a revolução das selfies, em sua versão pré-histórica, é claro. Depois disso, a fixação pela autoimagem tornou-se endêmica, inspirando infinitos movimentos.

Gosto de imaginar uma semente que é jogada no chão. A mente é o solo, e aquela lasquinha de possibilidade é uma coisa nova ali, naquele lugar, aparentemente, estranho. Se não houver as condições apropriadas, o broto não saltará do anonimato para a luz do dia.

O chão que chamamos de mente, onde a coisa acontece, onde pulsam todos os nossos pensamentos, também abriga o nosso repertório: experiências acumuladas. Isso tudo fertiliza nossas ideias. Quanto mais rica e diversificada for essa base, mais poderoso será o desenvolvimento da semente. Nosso processo criativo necessita desse repertório. Livros, viagens, músicas, relacionamentos, aventuras… Tudo conta. Tudo serve de alimento. Quanto mais diversificado, mais exótico e, por isso, mais interessante.

Ideias são plantadas em nossos corações todos os dias, mas a sua vida dependerá da riqueza de onde tirar os nutrientes que a conduzirão. A imaginação humana é fértil na mesma medida de conexões que fazemos com o que aprendemos. Seres humanos imaginam. Mas, seres humanos só imaginam se foram nutridos com imagens, com significados que se reinventam. A complexa combinação de experiências é o verdadeiro poder que possuímos. A imaginação em si não é nada, se não tiver de onde beber, de onde tirar a sua força. Quanto mais adubado o solo de nossas mentes, mais poderosas serão nossas ideias.

Quem decidirá o destino da humanidade: Um homem, um deus ou uma máquina?

IA’s talvez sejam nossos futuros adversários digitais, mas elas ainda não têm um coração para provar que estão excitadas com as suas próprias ideias. Não sentem um turbilhão de sensações eletroquímicas varrendo suas terminações nervosas, arrepiando suas peles quando uma louca imaginação lhes salta à mente. Pelo menos, por enquanto.

Então, é melhor imaginar um futuro em que tenhamos máquinas organizando eventos, conferindo o IR, administrando o trânsito e o tráfego aeroespacial, até mesmo ensinando nossas crianças ou, melhor, aprendendo com elas, já que ensinar é um processo mecânico, e o aprendizado é orgânico. Enquanto isso, a gente vai se divertir com a próxima viagem virtual a galáxias próximas, planejando a colonização de novos planetas, e também, quem sabe, descobrindo novas formas de tornar essa frágil e debilitada circunferência azul em um lugar melhor para se viver.

Isso eu acredito que não seja muito difícil de imaginar! Ou seria?

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